A cantora Mart'nália, que interpreta a borracheira Tamanco no seriado "Pé na Cova" de Miguel Falabella, falou com bom-humor de sua vida pessoal e profissional em entrevista à revista "Quem", em publicação desta quinta-feira (14).
Quando perguntada se era parecida com a personagem do seriado, exibido às quintas-feiras na TV Globo, Mart'nália, homossexual assumida, disse: "Eu tenho muito da Tamanco e talvez eu seja parecida no jeito extrovertido. Sou falante, tranquila e não ligo muito para nada. As coisas são como são e pronto, vou deixando a vida me levar".
Mas quando o assunto é morte - justamente o tema do seriado de Falabella - a cantora não fica tão tranquila assim: "Tenho pânico! Quem me conhece sabe que eu tenho medo de cemitério, de fantasma e de morrer. E, de repente, quando vejo, estou lá, num cenário no meio de caixões. Falei para o Miguel: "Só não me põe dentro do caixão porque acho que deito ali e não acordo mais" (gargalhadas). Sou meio fraca para isso. A morte é uma sacanagem, não gosto dela".
A respeito de sua atuação, Mart'nália afirmou: Eu não sou atriz e tenho meu lado virginiano, que critica tudo, não consigo ficar me vendo. Sempre acho que poderia ter feito melhor. E existem aquelas coisas que os atores precisam ter e eu não tenho, como boa dicção, boa memória (risos). É difícil decorar texto, até decorar música é difícil. Mas agora estou achando legal, porque tenho retorno das pessoas, elas estão gostando.
Perguntada se é sempre bem-humorada, ela disse: "Sou, mesmo na tragédia acho graça das coisas. Já acordo sorrindo, tenho a boca grande (risos). Acho que o segredo é cair dentro desta vida, tenho meus amigos, minha família e viver é legal. Claro que me preocupo com as coisas, mas não muito, porque muitas não têm jeito! Você está à toa e cai um avião na sua cabeça, vem um carro e te atropela, meteoros caem. Não sei viver prestando atenção nesse perigo todo".
A cantora também explicou a origem de seu nome, um tanto quanto diferente: "Veio da cabeça louca do meu pai (risos). Primeiro, ele colocou o nome Analimar na minha irmã, uma junção de Anália, minha mãe, e de Martinho. No meu, Mart'nália, ele só trocou a ordem. Antigamente tinha essa coisa de juntar os nomes. Ainda bem que nasci com cara de Mart'nália" (risos).
Filha de cantor consagrado, Mart'nália não poderia escapar da curiosidade do público em saber se essa relação teria ajudado ou atrapalhado no início da carreira: "Ajudou, claro. Meu pai é superquerido e tem toda uma trajetória artística, política e familiar. Comparações sempre vão existir, mas é normal. Eu nasci filha do Martinho da Vila, então, esse problema eu sempre tive" (risos).
Com relação à sua homossexualidade, Mart'nália declarou: "Nunca sofri preconceito". Perguntada se os pais haviam aceitado bem quando ela se assumiu, a cantora declarou: "Sempre fui assim e não teve nenhum papo sobre isso com minha família, sempre foi uma coisa simples. Minha avó dizia que nasci trocada. Meu pai, por exemplo, não se mete na minha vida e eu não me meto na dele. Ele não tem as mulheres dele? Eu tenho as minhas" (risos).
Sobre o seu estado civil, a artista foi bem clara: "Estou na pista". Questionada se tinha vontade de casar e formar uma família, ela não se mostrou muito animada: "Casar é meio esquisito, não fico pensando nisso. Quando vejo, estou grudada em alguém, alguém está na minha casa, aí de repente é tchau e vida que segue. Já tenho uma família grande pra caramba, oito irmãos, dez sobrinhos! Meus sobrinhos são como filhos".
A respeito da possibilidade de continuar atuando, a vascaína, assim como o pai, de 47 anos, foi taxativa: "Não (risos). Veio um convite para eu me divertir, foi para isso que o Miguel me chamou. Já tinha feito o musical 'O Pé da Árvore de Natal' (2003) com ele no teatro, foi minha primeira experiência. Nessa época, ele já tinha a ideia desse seriado, falava dos personagens e eu ria. Aceitei por causa dele, estava com saudade. Mas não penso em continuar, porque é outra vida, outro propósito e dá um trabalho danado".