[ALERTA: o texto a seguir contém relatos fortes e pode causar gatilhos para vítimas ou pessoas sensíveis a assuntos relacionados a abuso sexual]
O terceiro dia do julgamento de Daniel Alves, acusado de estuprar uma mulher em uma boate de Barcelona, em dezembro do ano passado, foi marcado pelo depoimento do ex-jogador. Preso preventivamente há um ano, o atleta respondeu apenas às perguntas da própria advogada e falou por cerca de 20 minutos. As informações a seguir são dos sites UOL e G1, e do portal espanhol Marca.
Daniel seguiu o mesmo argumento da mulher, Joana Sanz, e de amigos e garantiu que estava embriagado, algo apontado pela imprensa espanhola como uma tentativa de atenuar a pena. Ele afirma que bebeu cinco garrafas de vinho e uma garrafa de uísque japonês junto de três amigos; três destas garrafas ele diz que bebeu quase sozinho.
Daniel conta que, na madrugada, estava dançando com duas mulheres, quando mais três - entre elas, a possível vítima - chegaram. O brasileiro diz que ele e a denunciante dançaram de forma sexualizada e ela tocou suas partes íntimas.
Daniel voltou a afirmar que o sexo foi consensual e que a moça "em momento algum pediu para parar" ou demonstrou desinteresse. "Fomos para o banheiro, ela começou a fazer sexo oral em mim. Depois, sentou em minhas pernas e eu tirei [o pênis] para ejacular", relata.
O atleta, no entanto, admite que mentiu na primeira versão, quando disse que sequer conhecia a moça, porque não queria que a esposa soubesse. Questionado pela advogada, Daniel garante que as declarações são as mesmas da audiência de instrução, com exceção de um detalhe: "Não falei do sexo oral porque poderia pegar mal com a minha mulher".
Daniel chorou e pediu água no momento em que contava que descobriu através da imprensa que foi denunciado por abuso sexual. O choro foi tão intenso que o ex-jogador teve dificuldade de completar as frases. Por fim, ele ainda declarou dificuldades financeiras, já que teve as contas bancárias bloqueadas e perdeu todos os contratos.
A promotora do caso defendeu a veracidade do depoimento da vítima e destacou que ela nunca mudou a versão, ao contrário de Daniel. Ela ainda reforça que a descrição que a moça dá dos eventos daquela madrugada batem com os indícios colhidos pela investigação.
Segundo o relato da promotora, a moça conta que foi penetrada de frente e por trás por Daniel e que ele ejaculou dentro e fora dela. A jovem ainda teria sido agredida com tapas no rosto, enquanto o jogador a chamava de "minha putinha".
Nesta quarta-feira (07), médicos que atuaram no caso também prestaram depoimento e confirmaram que foi encontrado DNA de Daniel em material coletado dentro do corpo da moça. Segundo fontes da imprensa espanhola, os exames comprovam que havia resto do sêmen do jogador.
Os médicos também relataram que a possível vítima tem sofrido com estresse pós-traumático. Além de distúrbio de sono, ela entra em pânico quando escuta alguém falar português. "Quando ela ouvia alguém falar português, ficava muito nervosa", disse um forense.
O julgamento de Daniel já entrou em sua reta final, mas os depoimentos podem se estender até quinta-feira (08). De acordo com o Marca, o veredito deve ser divulgado dentro de 20 dias. A Corte que vai analisar o caso será composta por três juízes, que darão uma sentença em conjunto.