José de Abreu fez praticamente uma sessão de terapia durante entrevista ao programa "Alta Definição", exibido pela rede portuguesa SIC, no sábado (13). O ator - que passa uma temporada em Paris, na França - relembrou momentos marcantes de sua vida como a morte do filho Rodrigo, a relação distante com o pai e o acidente sofrido nas gravações da novela "Joia Rara", ganhadora do Emmy Internacional de melhor novela e que está sendo exibida em Portugal.
"(O acidente) Foi uma idiotice minha, uma bobagem e uma desatenção do contrarregra que não tirou o tapete de cena. Em cenas de ação tem que se fazer isso. Mas quando se quebra a costela não se há o que fazer, só parar de respirar (risos)", recordou o ator. Vale lembrar que na ocasião, José fissurou a costela direita e teve até que se ausentar por uns dias das gravações da novela.
Ator relembra morte do filho
Durante a entrevista, José - que comprou um apartamento em Paris após participar da novela "O Rebu" - se emocionou ao relembrar a morte do filho Rodrigo, fruto da relação do ator com a advogada Neuza Serroni, que em 1991 caiu da janela do apartamento onde os dois viviam.
"Quando me separei da Nara (segunda esposa), fui morar com o Rodrigo. Moramos juntos por dois anos, só nós dois, paquerando as menininhas. Estava fazendo 'Amazônia' na TV Manchete. Me ligaram e disseram 'aconteceu um acidente em seu apartamento. O Rodrigo está mal. Ele caiu da janela'. Só foi cair a ficha para mim um tempo depois. Enterrar o seu sucessor é uma coisa muito dolorosa", relatou emocionado.
"Perguntei ao delegado 'como você tem certeza que não foi suicídio?'. Um suicida se lança ao ar. O Rodrigo caiu batendo nas janelas. Foi quando tirei toda a culpa cristã que vinha à cabeça", disse o ator.
José de Abreu perdeu o pai ainda criança
Abreu relembrou ainda que Rodrigo namorou a atriz Daniela Perez, filha de Glória Perez que foi assassinada um ano depois pelo ator Guilherme de Pádua. "Um dia, ele (Rodrigo) me disse 'vocês, coroas, são fodas. Estava namorando uma bailarina linda e o Raul Gazola a tomou de mim'. O Rodrigo morreu em um ano e ela no ano seguinte. Foram velados na mesma capela, no mesmo cemitério. Um ano exatamente", contou.
Outro momento forte da conversa foi quando o ator relembrou a morte do pai, quando ele tinha apenas 9 anos - 'Quando soube, só queria dormir", disse, chorando' -, e também a relação conflituosa com a mãe, que morreu aos 103 anos. "Saí de casa aos 20 anos. Tive que ser forte, senão teria tido uma vida apagada."
O ator conta que a mãe era "antiquada e autoritária", mas que em 11 anos de análise conseguiu entender o amor que ela nutria por ele. "Lembro que apareci para vê-la e levei a minha ex-mulher, Camila Paolla Mosquella, que era 35 mais jovem do que eu. Ela me perguntou 'é sua mulher?'. Disse que sim e ela: 'espertinho'", conta às gargalhadas José, que recentemente negou viver um romance com Bianca Müller e gerou polêmica ao ser declarar ser bissexual.
Abuso na infância e realização profissional na fase adulta
José de Abreu ainda surpreendeu ao relembrar ter sofrido abuso durante a época em que passou pelo seminário. "Guardei (essa história) por 30 anos. Mas foi um abuso leve. Não foi uma agressão física. Ele me masturbou durante uma sessão de cinema, dentro do seminário. Eu tinha 12 anos. Nunca tinha me masturbado. Queria morrer. Um absurdo. Ele era o padre-prefeito. Foi terrível. Tinha que confessar, dizer o que tinha acontecido e não tive coragem. Vivi três meses no pecado. Não tive coragem de denunciá-lo", admitiu.
Indicado pela TV Globo ao Emmy Internacional como melhor ator pelo trabalho em "Joia Rara", José diz ser realizado na vida profissional. E ele classifica o asqueroso Nilo, em "Avenida Brasil" (2012) como sendo o maior papel de sua carreira. "Nem sabia que havia para onde mais subir na minha carreira. Tudo bem, eu não sou o protagonista das novelas, mas sou o amigo do protagonista e já está tudo bom. Depois do Nilo, a coisa mudou de figura. Marcou muito", comemora.