Jair Rodrigues não pensava em parar a carreira. Aos 75 anos, o cantor estava com dez shows agendados para este ano e ainda elaborava o lançamento da sua biografia junto com os filhos, os cantores Luciana Mello e Jairzinho, que também produziu o seu último CD.
A carreira foi interrompida nesta quinta-feira (8), quando Jair foi encontrado morto em sua casa em Cotia, interior de São Paulo. Ao colunista Bruno Astuto, da revista "Época", o cantor deu uma entrevista em setembro do ano passado contando que já estava nos preparativos para a construção do livro.
"Está em processo de apuração. Jairzinho está gravando todas as histórias para filtrar as melhores e estamos atrás das pessoas que serão citadas e das famílias daqueles que já não estão mais por aqui", disse o cantor.
Animado com a obra sobre a sua trajetória, Jair logo disse que o processo poderia ser demorado, e que não gostaria de esquecer quem participou da carreira. "Vai entrar de tudo, desde quando o Jair era pivetinho. Quando você começa a fazer uma biografia não pode esquecer de ninguém e também dos já falecidos e o processo de pedir autorização é o mais demorado. Agora estamos na fase dos festivais da canção. Pelo amor de Deus, são 54 anos de carreira", contou esfusiante na época.
O segredo do espírito jovem e alegre foi atribuído aos cuidados com a saúde. "Tiro isso de letra, nêga. Sempre me cuidei e a saúde está sempre em primeiro lugar. Gosto de beber uma cachacinha, um vinhozinho, mas sempre dentro dos limites. E faço sauna quase todos os dias".
O cantor morreu aos 75 anos de infarto agudo do miocárdio, na manhã desta quinta-feira (8). O velório, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, teve a presença de artistas que prestaram homengens ao precurssor do rap no Brasil.