Marcada por músicas e alegrias, a Copa do Mundo também está gerando muitas decepções não só nos campos. Enquanto o jornalismo dá um passo importante para a igualdade entre os gêneros, alguns torcedores do Brasil desviaram às atenções das belezas vistas no maior evento de futebol e provaram que muito ainda precisa ser feito para combater o machismo dentro e fora dos estádios. Em entrevista para o Purepeople, a atriz Giovanna Lancellotti repudia as atitudes dos homens no mundial assim como outras celebridades, mas lamenta: "Eles foram os únicos que viralizaram, isso que é o pior. Já vi mais de 10 vídeos de brasileiros sendo machistas nessa Copa. Tem milhões."
Adepta do produto que visa deixar as bochechas coradas, a intérprete de Rochelle na novela 'Segundo Sol' afirma se considerar feminista e comenta: "No fundo toda mulher é, por mais que não se considere. Algumas preferem não vestir a camisa e tal, mas mesmo assim são." O episódio mostrou um comportamento recorrente e enraizado em uma sociedade, já que não se trata de um caso isolado ao ter mulheres que passam por isso diariamente. "Até quando? Até quando vão dar risada disso? Já passou da fase de darem risada disso, de mandar para um grupo e ficarem rindo. Com mil coisas acontecendo, com mil campanhas aí e ainda acontece", questiona Giovanna ao mostrar mais indignação: "Com a situação política que o país passa, tentando correr atrás de uma imagem positiva para se passar internacionalmente, os caras fazem uma dessa em uma Copa do Mundo. É uma falta de respeito e uma falta de responsabilidade muito grande!"
Depois da proporção atingida pelo vídeo, a vida dos autores passou por extremas mudanças. "Gastaram um dinheiro para fazer uma palhaçada e vão voltar desempregados, alegando que foi uma brincadeira e que a repercussão está acabando com a vida deles. Eles acabaram com a vida deles. Não sinto pena nenhuma", defende a atriz ao declarar: "Não foi brincadeira e não foi o fato de estar bêbado. Todo mundo fica bêbado e, se isso for uma desculpa, o mundo vai acabar. Se a mulher fica bêbada e é violentada, a culpa é dela que bebeu e não, do álcool. Se um cara está bêbado, o problema é o álcool? Não dá mais para aceitar e achar graça disso." Giovanna ainda se revolta com a autoridade de alguns envolvidos: "Um deles era policial. Que policial é esse? É um policial que se eu for assediada na rua, não posso pedir ajuda."
(Apuração de Patrick Monteiro e texto de Fernanda Casagrande)