A família de Dominguinhos começou uma batalha judicial pelos bens do cantor, morto no último dia 23 após complicações cardíacas e infecciosas ocasionadas por um câncer. Liv Moraes e Mauro Moraes, filhos do sanfoneiro, têm, a partir desta sexta-feira (2), 50 dias dentro do prazo da Justiça para dar entrada no inventário do músico. Apesar dos quase dois meses pela frente, não será uma decisão fácil entre os irmãos, que iniciaram uma briga na Justiça meses antes da perda do pai.
No último dia 25, um dia antes do enterro do músico, Liv realizou um show em tributo a Dominguinhos numa casa de shows em Olinda, Pernambuco, para arrecadar dinheiro e ajudar nas despesas do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde o sanfoneiro estava internado em decorrência das complicações de um câncer no pulmão que lutava há quase sete anos. A renda arrecadada, de R$ 190 mil, se tornou mais um motivo de conflito na família de Dominguinhos.
Em entrevista ao Purepeople na tarde desta sexta-feira, a advogada de Mauro Moraes, Rita Wiechmann, explica que o filho mais velho do cantor não quer a posse do dinheiro arrecadado pela irmã no show em questão, mas que ele exige que este valor, assim como os outros bens do artista, sejam utilizados para pagar as dívidas que ficaram.
"O que já tínhamos pedido era que esse valor fosse apresentado no processo de interdição. Esse processo foi aberto em São Paulo, quando Dominguinhos foi internado, e as contas que ele teria aberto ficaram de ser apresentadas pela dona Guadalupe (viúva do cantor)", explica Rita, acrescentando que os gastos hospitalares não foram apresentados ainda neste processo.
O que incomoda Mauro, segundo Rita, é a possibilidade de os bens serem usados para outras questões que não envolvem Dominguinhos: "O que ele não quer é que nada do patrimônio do pai seja utilizado para outras questões que não as do pai. Ele não está acusando ninguém. O que existem são processos na Justiça".
A advogada da viúva de Dominguinhos, Gilvany Brasileiro, também conversou com nossa equipe e falou sobre o valor arrecadado no evento com o intuito de ajudar nas despesas. "O show foi feito com o objetivo específico de saldar a dívida que já estava acumulada perante ao hospital. O que tem não dá para pagar, a intenção dos amigos artistas é ajudar. E é óbvio que para esse dinheiro arrecadado ser pago, alguém tem que pegar na mão", explica ela, justificando o motivo de Liv estar com o dinheiro. "Mas está tudo documentado, tanto a conta do hospital quanto o dinheiro arrecadado. Isso que o Mauro está criando é um absurdo", acrescenta.
Sobre a disputa pelo apartamento do artista no bairro do Morumbi, em São Paulo, a advogada de Mauro esclarece que ele não precisará cumprir o prazo combinado anteriormente à morte do pai para deixar o imóvel. "A Liv entrou com uma ação para tirá-lo do apartamento. Nós fizemos um acordo dias antes dele morrer, em que Mauro ficaria 70 dias e sairia depois. Mas agora isso deixa de existir, porque ele se torna tão herdeiro quanto a irmã". Gilvany, que representa Guadalupe e Liv, reforça que o acordo continua em vigor. "Já foi homologado pela Justiça, então ele vai ter que deixar o apartamento", conclui.
A viúva do sanfoneiro, por sua vez, mantém a postura de não querer se aproximar de Mauro. Questionada pela nossa equipe sobre a partilha da herança do sanfoneiro, ela frisa que essa é uma questão que nunca incomodou a ela e nem a Liv. "Ninguém jamais brigou com esse rapaz, porque a gente nunca questionou essas coisas, principalmente em uma hora tão delicada quanto essa. Se não fizemos antes, muito menos agora que é bem pior", afirma. Saudosa, ela completa: "A nossa maior herança é o amor de Domingos".
(Por Larissa Moggi)
