Você sabia que a endometriose pode aparecer em 10% da população feminina em idade reprodutiva?! O diagnóstico dessa doença foi revelado por Anitta nesta semana muitas vezes é demorado, pois se confunde com cólicas do período menstrual ou até mesmo outras doenças, como cistite, como foi o caso da cantora.
A seguir, o Purepeople conversa com especialistas no tema para tirar as principais dúvidas sobre a enfermidade, que já acometeu famosas como Larissa Manoela, Wanessa e Gio Ewbank (veja lista aqui!). Com o diagnóstico precoce, as possibilidades de tratamento se multiplicam e há uma melhora considerável na qualidade de vida da paciente.
"A endometriose se dá quando as células do endométrio, mucosa que reveste a parede do útero, não são devidamente expelidas durante a menstruação, se espalhando pelo aparelho reprodutivo e até mesmo por outras regiões como intestino, apêndice e bexiga", explica o Dr. Rodrigo Rosa, ginecologista e obstetra da Clínica Mater Prime, em São Paulo.
Mariana Betioli, obstetriz especialista em saúde íntima e CEO da Inciclo, adiciona: "Tem fatores hereditários, genéticos, imunológicos também. Os fatores de risco são aquelas mulheres que menstruaram mais cedo, que têm um ciclo mais longo (menstrua por mais de sete dias) ou intervalos menores entre um ciclo e outro."
"É uma doença silenciosa, o diagnóstico é difícil de ser fechado. As mulheres não relatam os sintomas porque acham que tem que ser assim, que mulher tem mesmo dor. Estão acostumadas a ignorar os sintomas que o corpo dá de que ela pode estar com uma doença", aponta a especialista.
Sua causa pode ter origens genéticas ou hormonais, de acordo com cada mulher, e alguns fatores de risco são ter um ciclo menstrual longo, ter vivido a menarca (primeira menstruação) muito cedo e histórico familiar.
Sentir cólicas intensas e que não aliviam diante da medicação indicada é um sinal de alerta. "É aquela que não passa com remédio e faz ela não seguir as atividades do dia a dia. Dor forte no pé da barriga, alteração no padrão urinário e intestinal, sangramentos na urina... Tudo isso se confunde muito com a 'cistite de lua de mel', como a Anitta relatou", indica Mariana.
Outro ponto para ficar atenta é na vida íntima. "A dor na relação sexual nunca é normal. Isso pode estar mostrando um foco de endometriose no canal vaginal ou no colo de útero", explica a obstetriz.
Para o diagnóstico ser confirmado, além do relato da paciente, é indicado a realização de exames de imagem. " No geral os sintomas clínicos da mulher são suficientes para a gente desconfiar e pedir um exame de imagem, ultrassom ou ressonância, em toda a cavidade abdominal e aparelho reprodutor para descobrir onde está esse foco de endometriose", acrescenta.
É verdade, mas mesmo não havendo cura, a endometriose precisa ser tratada. "Por se tratar de uma doença crônica, demanda acompanhamento, principalmente durante a vida reprodutiva da mulher, quando a doença manifesta seus principais sintomas", explica o ginecologista Dr. Carlos Moraes.
Segundo o médico, o tratamento clínico é feito com medicamentos hormonais, que podem incluir anticoncepcionais orais ou exclusivamente os progestogênios (derivados sintéticos da progesterona).
Em casos mais graves, no entanto, pode ser necessário intervenção cirúrgica, como irá acontecer com Anitta. "A operação consiste na remoção das alterações na cavidade abdominal e, principalmente, junto aos órgãos reprodutivos. Sendo assim, o tratamento dependerá da gravidade do quadro", indica Dr. Carlos.
A cirurgia mais recorrente é a videolaparoscopia. "Com ela, são identificados e retirados os focos de endometriose", finaliza a obstetriz Mariana Betioli.