Os distúrbios alimentares afetam, segundo dados recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde), 10 milhões de brasileiros, em sua maioria mulheres. A ausência de uma relação positiva com os alimentos tem diferentes faces e pode resultar em compulsão alimentar, dietas extremamentes restritas sem orientação médica e dismorfia corporal, entre outros transtornos.
A questão entrou em debate no cenário nacional por conta do comportamento de Bárbara, do "BBB 22". A gaúcha, segundo amigas do confinamento, "não come arroz, nem feijão e nem pão, só ovo e café". Representantes da modelo, no entanto, se posicionaram assegurando que ela é saudável.
"A Bárbara tem acompanhamento de seus especialistas e, de acordo com os mesmos, está muito saudável. Inclusive, para fazer parte do programa, realizou os mais diversos exames para estar apta a participar do reality", apontou a empresária da participante à página "Gossip do Dia".
Dr. João Branco, médico ortomolecular e especialista em medicina esportiva, faz alerta sobre uma dieta extremamente limitada sem a supervisão de um expert.
"Restringir a alimentação de uma maneira não-regrada, sem orientação de um profissional de saúde, pode causar até mesmo outros transtornos. Porque a pessoa priva a caloria e se priva também de nutrientes. Isso é muito temeroso", aponta.
Segundo ele, os prejuízos comprometem a saúde como um todo. "Pode resultar em baixa de massa muscular, baixa da imunidade e além disso, pode caracterizar também algum transtorno dismórfico. A pessoa olha o corpo e não vê aquilo que realmente ela é. Cada vez passa a se privar mais ainda a alimentação querendo atingir um status de magreza que não é saudável", orienta.
"Às vezes a dieta que a pessoa está fazendo, achando que está certa, ela está na realidade transpassando um transtorno alimentar, uma bulimia desenvolvendo uma anorexia. Necessariamente, ela não precisa comer arroz, feijão, batata... tudo junto, agora só manter fruta, só comer ovo e tomar café, isso é proveniente pra baixa de peso mas que não necessariamente vai gerar saúde pra ela", acrescenta.
A psicóloga Maria Rafart explica que uma relação ruim com a comida afeta diretamente a saúde mental do diagnosticado.
"Os distúrbios alimentares são muito mais do que a simples relação com a comida e de estar em boa forma física: podem indicar afetos distorcidos, sinais de ansiedade, e uma infinidade de questões mal resolvidas, como dietas equivocadas, transtornos de humor como ansiedade e depressão, problemas de autoimagem, traumas passados, estresse e baixa autoestima", lista.
A especialista também aponta que a pessoa não precisa, necessariamente, apresentar sintomas todos os dias para ter um distúrbio alimentar. O transtorno classificado como "binge eating" se relaciona com uma compulsão alimentar períodica.
"É caracterizado por episódios de ingestão descontrolada de comida. Quando come demais numa festa, o dia seguinte é de culpa e vergonha, que desembocam em punição: ela passa o dia sem se alimentar depois de um episódio como esse", analisa.
O tratamento ter um olhar multidisciplinar, com psicólogos, nutricionistas e endocrinologistas. "O tratamento vai além da identificação dos gatilhos, com um olhar multidisciplinar sobre o fenômeno", aponta a psicóloga.