O início do ano é momento de atualizar metas e planejar a rotina: comer de forma mais saudável e dar adeus às dietas malucas está entre os seus desejos? Para isso, alguns passos são essenciais no cotidiano, como aponta a Dra. Paula Pires, endocrinologista pela USP.
"Atualmente, mais do que antes, as pessoas me procuram para além da perda de peso. Buscam melhorar sua saúde mental, seus parâmetros metabólicos e hormonais, e equilibrar melhor seus níveis de estresse e sono", destaca.
Segundo ela, a relação difícil com a balança é mais comum do que imaginamos. "Em média, uma pessoa passa por oito efeitos sanfonas até, finalmente, conseguir emagrecer e manter o peso perdido". Dessa forma, é importante priorizar passos que foquem no seu bem-estar. Confira a seguir alguns deles!
A tecnologia já faz parte do dia a dia, mas é importante que, ao comer, você esteja mais focada. "Muitas vezes comemos como se estivéssemos no piloto automático. Não prestamos atenção na sensação de fome e saciedade, e nem mastigamos direito os alimentos", explica a endocrinologista.
Ao fazer isso, você cria uma consciência maior para os sinais físicos e emocionais da alimentação, o que permite reconhecer quando é fome ou vontade de comer, além de interpretar quais são os gatilhos que despertam o desejo de comer.
Apesar de parecerem sinônimos, as expressões são bem diferentes: você está comendo a comida ou as suas emoções? "Se você está comendo quando tem tédio, cansaço, estresse, tristeza ou ansiedade, tente entender os gatilhos que desencadeiam esses sentimentos", alerta a médica.
Caso sinta dificuldade de diferenciar essas duas sensações, a endocrinologista tem uma dica. "Sugiro fazer um diário anotando o que estava sentindo quando exagerou na comida para montar um plano para evitar os abusos em outras situações semelhantes. Outra ideia é agir diferente, substituir o comer por ir dormir antes de comer ou ligar para um amigo. Procure ajuda de especialistas, como terapeutas e psicólogos, caso não consiga melhorar sozinho", destaca.
A hora de ir às compras é decisiva: deixe sempre um "estoque" de frutas, iogurtes e castanhas em casa. "Muitos pacientes me perguntam se pode ter doces e guloseimas estocados em casa. Eu acredito que força de vontade não funciona na maioria dos casos e tenho plena convicção de que temos que organizar nosso ambiente a nosso favor", sugere.
"Até se pode ter um pouco de guloseimas em casa, mas nunca em maior quantidade do que alimentos naturais e saudáveis, que devem ficar à vista, possuir fácil acesso, estarem frescos, prontos e fáceis de consumir", indica Dra. Paula.
Você ama chocolate ou um docinho após a refeição? Não precisa retirá-los de sua alimentação. "Sempre que possível, divida alimentos mais calóricos com que está perto de você. Por exemplo, se quer comer a sobremesa do restaurante, peça apenas uma e divida com seu acompanhante", aponta a médica.
Nunca vá ao mercado com fome e evite comprar muitos alimentos muito doces, hiperpalatáveis e calóricos. "Em encontros sociais, evite também ir com muita fome. Faça um lanchinho saudável antes, beba muita água e evite comer tudo que está disponível", adiciona a endocrinologista.
Quando você entende a composição dos alimentos industrializados, especificados no rótulo, você passa a dar prioridade para aqueles que tem menos ingredientes prejudiciais. "Na maioria das vezes, você não fica satisfeito com eles e só acrescenta calorias vazias à sua alimentação", indica a médica.
Decida o que irá preparar para comer ou pedir pronto, por delivery, antes da fome chegar. "Não deixe para pedir de última hora o que irá comer, pois irá escolher com fome e poderá pedir mais que o necessário ou algo não nutritivo. Organize a sua casa de forma que escolhas saudáveis sejam as escolhas mais fáceis na hora de preparar a refeição", destaca Dra. Paula.
Muito mais do que radicalismos alimentares, o que ajuda a manter uma alimentação saudável é a constância. "Sobre dietas, 'cada panela tem a sua tampa', ou seja, a escolha da sua dieta precisa se basear nas suas preferências e na sua capacidade de mantê-la ao longo de dias, meses e anos", sinaliza.
Existem muitas pessoas magras que não são saudáveis, assim como muitas pessoas que estão acima do peso e se encontram com muita saúde. "Costumo dizer que a comparação pode ser mesmo o ladrão da alegria. Não é porque um paciente perdeu 10 kg em um mês que você terá o mesmo resultado", exemplifica Dra. Paula Pires.
O melhor para a sua saúde mental é focar no seu resultado e nas suas características. Estabeleça suas metas junto com seu médico e sua equipe multidisciplinar e tente sempre ser a melhor versão de você mesma!