Em 'Alma Gêmea ', Débora (Ana Lúcia Torre ) é uma mãe autoritária que domina Cristina (Flávia Alessandra ) desde criança. Isso não significa que a vilã da novela de Walcyr Carrasco não tenha culpa por suas maldades, no entanto, grande parte dos seus atos são inspirados pela repressão da mãe.
A psicoterapeuta analítica, Fernanda Paiva, conta que o narcisismo materno é um distúrbio que gera intensos efeitos negativos na vida dos filhos. "O narcisismo é um transtorno de personalidade, podendo ser diagnosticado, oficialmente, somente por um profissional. Uma mãe, se for diagnosticada com tal transtorno, certamente irá manifestar os comportamentos peculiares sobre seus filhos, como o excesso de necessidade controle, manipulação e frequentemente, tendência a menosprezar as características positivas do filho, a fim de evitar competição com a sua mania de grandeza", disse ela, em conversa com o Purepeople.
Na novela de 2005, Débora cultiva um ódio da irmã Agnes (Elizabeth Savalla), transferindo seus atos mais cruéis para a filha. Durante a bem-sucedida trama, a veterana arquitetou contra a vida da sobrinha Luna (Liliana Castro), assim como ajudou Cristina a acabar com a vida de Serena (Priscila Fantin ), o novo amor de Rafael (Eduardo Moscovis ). Para provar do próprio veneno, Débora bebeu o suco amaldiçoado que havia preparado para a indígena nos capítulos finais.
"Os narcisistas, muitas vezes, têm uma habilidade inata de ler as emoções e os pontos fracos das pessoas ao seu redor, o que lhes favorece na persuasão. Eles usam essa habilidade para manipular as situações de forma a favorecer seus próprios interesses, ainda que possam prejudicar alguém, pois a ausência de empatia é algo comum nesse tipo de personalidade", resume a profissional sobre a personagem de Ana Lúcia Torre.
Fernanda Paiva também explica que as mães narcisistas agem por sentimentos e, na maioria das situações, é difícil chamar a atenção sobre suas ações. "Seus atos são guiados por sentimentos, e, independente de quais forem, sendo uma narcisista ou não, não se pode afirmar que seus atos sejam 100% tomados com consciência. Além disso, não é tão simples identificar ou enquadrá-la dentro desse diagnóstico por meio de observações rasas, ou precipitadas."
Mas existe tratamento para o narcisismo materno? Fernanda Paiva relata que este, como a maioria dos transtornos de personalidade, deve ser curado com a ajuda de psiquiatras e psicólogos. "Identificar é diferente de desconfiar. O que um filho pode fazer é procurar ele mesmo ajuda de um profissional habilitado que saberá orientá-lo sobre como lidar com essa mãe, e até mesmo sugerir que a mesma inicie seu próprio tratamento. O importante é sempre buscar ajuda profissional antes de sugerir quaisquer diagnósticos sem fundamentos científicos, embasados somente no achismo", finaliza.