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Claudia Leitte está no centro de uma grande polêmica envolvendo acusações de intolerância religiosa. Desde que a cantora alterou um trecho da música “Caranguejo”, autoridades, instituições e até artistas se manifestaram contra ela.
A controvérsia surgiu quando Claudia trocou a frase "saudando a rainha Iemanjá" por "eu canto meu rei Yeshua", em referência a Jesus em hebraico. A mudança provocou uma onda de críticas nas redes sociais e levou o nome da artista a figurar entre os assuntos mais comentados.
O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, fez uma publicação no Instagram criticando a alteração na letra, sem mencionar diretamente Claudia Leitte:
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“Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo”, escreveu.
A cantora Ivete Sangalo curtiu a publicação de Tourinho e comentou "Sim!", o que alimentou ainda mais a polêmica. O gesto reforçou rumores sobre uma antiga rivalidade entre as duas artistas.
Pouco depois, Claudia Leitte e Ivete pararam de se seguir no Instagram. Especula-se que Claudia tenha bloqueado Ivete após o episódio. Além disso, a participação das duas em um especial do "Caldeirão", apresentado por Marcos Mion, teve que ser gravada em dias diferentes para evitar atritos nos bastidores.
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Nesta quinta-feira (30), o Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-brasileiras) protocolou uma ação no Ministério Público da Bahia pedindo que o Estado e a Prefeitura de Salvador não contratem Claudia Leitte para eventos oficiais.
A entidade alega que a troca de "Iemanjá" por "Yeshua" configura um ato de intolerância religiosa. Além disso, a cantora responde a dois processos: um criminal, por racismo e intolerância religiosa, e outro por danos aos direitos autorais, movido pelos compositores da canção "Caranguejo".
O documento foi endereçado à promotora Livia Santana e Sant'Anna Vaz, da Promotoria de Justiça Especializada no Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa. O Idafro cita o Decreto nº 10.932, de 10 de janeiro de 2022, que promulgou a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância.
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“Os Estados comprometem-se a prevenir, eliminar, proibir e punir, de acordo com suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, todos os atos e manifestações de racismo, discriminação racial e formas correlatas de intolerância, inclusive: apoio público ou privado a atividades racialmente discriminatórias e racistas ou que promovam a intolerância, incluindo seu financiamento”, diz o documento.
O texto também argumenta que a Constituição Federal, por meio dessa convenção, proíbe a contratação de shows que promovam a intolerância religiosa, o que justificaria a exclusão de Claudia Leitte de eventos oficiais do Carnaval de Salvador.