A conscientização sobre o câncer de mama, destacada neste mês com o Outubro Rosa, deve ser multiplicada. Foi pensando nisso que a advogada Fernanda Chahin criou o projeto "Mamas de Amor": normalmente, quando estabelecemos uma correlação entre a doença e alimentação, costumeiramente listamos os alimentos podem ajudar na prevenção da doença ou que devem ser evitados durante o tratamento. Mas Fernanda foi além e viu em uma semente uma nova possibilidade após enfrentar a doença. "Tive câncer de mama em 2016 e precisei passar por mastectomia bilateral, tirei as duas mamas. No lugar delas, foi colocado um expansor para colocar próteses de silicone posteriormente", relata ao Purepeople. Após uma complicação com o expansor, ela precisou retirá-lo e, ao se ver sem os seios e com problemas de autoestima, inovou: "Decidi fazer a mama de alpiste para colocar no sutiã e melhorar o caimento das roupas".
A escolha do material foi feita depois de conversas com outras mulheres que passaram pelo tratamento e alguns experimentos com outros materiais. "Quem me deu a ideia do alpiste foi uma outra paciente, que disse que, antigamente, se usava o alpiste para fazer o preenchimento. Depois eu fiz teste com outros produtos, como isopor, poliuretano, painço, mas nada funcionou melhor que o alpiste", explica Fernanda. Com o sucesso de sua experiência, ela decidiu multiplicar sua alegria: "Decidimos colocar no Facebook para doar, porque é um material barato e que qualquer pessoa pode ter acesso a elas, seja fazendo ou recebendo a nossa doação, através do site, de modo gratuito".
As mamas de alpiste ainda podem entrar na piscina e no mar, desde que estejam devidamente protegidas por um preservativo masculino. "Um dia, uma paciente me ligou e disse que queria entrar na piscina. Então uma das voluntárias, a Ângela, deu essa ideia, 'por que a não colocar ela dentro de uma camisinha?'. Eu fiz o teste, deu supercerto e agora a gente indica para todas". E, para quem quiser contribuir, é possível enviar produtos ou quantias em dinheiro. "Recebemos doações de meias três quartos novas, alpiste canadense e dinheiro, para conseguirmos colocar as doações nos correios", afirma Fernanda, que contabiliza mais de 6 mil doações. Para quem mora em São Paulo, é possível aprender pessoalmente com ela: "Duas vezes por ano fazemos um mutirão no salão de festas do meu prédio com 100 voluntárias aproximadamente que ajudam a elaborar estas mamas".
(Por Marilise Gomes)