Intérprete da Kamesha, uma das mulheres do faraó Sheshi (Fernando Pavão) na novela "Gênesis", Kizi Vaz comemora a escalação em grande número de atores negros para a sétima fase da trama bíblica. "Me deu muita força ver atores negros dentro da dramaturgia bíblica. Para mim me trouxe uma troca muito boa e é muito importante ver essas representatividades na televisão e em qualquer outro meio de trabalho", festeja ao Purepeople a atriz.
"Mas o meio artístico justamente por não ter tanta essa representatividade, e hoje ver que isso está mudando, é de uma grande alegria", completa. "Fiquei realmente preenchida com muito amor, tive muita troca com meus amigos, atores negros com papeis importantes dentro da trama, que é isso que precisa acontecer mesmo", prossegue Kizi.
E a artista faz um pedido para que esse exemplo não seja exceção. "Que cada vez mais essa representatividade possa aumentar, que eu possa me sentir representada, mesmo que eu não estivesse atuando na novela, mas assistindo ela, me sentiria muito representada", destaca.
Vale lembrar que a história de José do Egito já foi contada pela Record TV em 2013 e que na atual versão vários personagens passaram a ser vividos por atores negros. Pentephres passou de Eduardo Lago para Nando Cunha, enquanto Potifar foi de Taumaturgo Ferreira para Val Perré, por exemplo.
Na trama, Kamesha divide o amor de Sheshi com Merianat (Samia Abreu). "A Kamesha é o grande amor do faraó, mas ela não tem as características que o ajudam a se manter no poder, então há sim uma rivalidade com a Merianat, a primeira mulher dele", explica Kizi, que acumula no currículo trabalhos como "Rock Story" (2016/2017).
Mas na vida real, a artista descarta por completo viver uma relação igual a de sua personagem. "Não consigo me imaginar na situação da Kamesha, para mim seria algo impossível de aceitar, claro hoje em dia tem relacionamentos assim, com mais de duas pessoas envolvidas, e eu super respeito, importante é ter amor, o amor que prevalece, mas eu não conseguiria dividir a pessoa que eu amo com outra mulher", afirma aos risos.
Por outro lado, Kizi aponta traços em comum com a mulher de Sheshi. "O lado materno, mãe leoa, que defende com unhas e dentes o filho dela e coloca o amor por seu filho acima de todas as coisas", indica a colega de elenco de Marianna Alexandre.
A artista afasta ter tido alguma dificuldade com o texto mais rebuscado da novela. "Na preparação tivemos palestras falando um pouco do Egito, das mulheres, de como elas se comportavam, e a Vera Freitas, preparadora do meu núcleo, nos ajudou muito a trazer naturalidade, tanto no texto quanto nos personagens", explica.
"Vi algumas coisas sobre a história de José, que eu já conhecia por já conhecer a Bíblia, algumas coisas do Egito, mas na verdade minha construção veio do coletivo, através da troca com o Fernando Pavão e com a Samia Abreu, trabalhamos muito em conjunto, então acredito que esses personagens foram se construindo e naturalidade dos textos também", prossegue.
Mãe de Pedro Luiz, de 13 anos, Kizi faz ainda uma avaliação da maternidade. "Acredito que o maior desafio que ela me trouxe foi educar um ser-humano para o mundo. Nunca fui pelo caminho de dar palmada no meu filho, acho que nada com violência pode resolver", afirma ela que recorria a outras formas de educação.
"Colocava na 'cadeirinha do pensamento', aprontou alguma coisa, vai ficar ali pensando um pouquinho, e sempre tive um diálogo legal com ele, e isso permanece até hoje, então eu nunca precisei bater no meu filho. Eu e o Pedro temos uma relação ótima, de amizade mesmo", assegura.
"A gente conversa sobre tudo e acredito que estou seguindo um bom caminho com sua criação, porque é muito difícil educar e é tão bom ver que ele é um cara bacana. Crio ele para não ser um homem machista e nem preconceituoso em qualquer esfera", conclui.