Juliana Xavier experimentou sentimentos diferentes ao dar vida a Tamar na novela "Gênesis". Sua personagem encara desde abuso sexual e surra do marido até o envolvimento com o próprio sogro, passando pela viuvez dupla. "Sempre houve esse tipo de coisa e sempre vai haver, infelizmente, mesmo que em uma proporção muito menor. Mas a gente consegue assim falar, denunciar... São temas delicados", afirma a atriz de 26 anos ao Purepeople.
"É sempre importante falar sobre isso e são temas que não deveriam sair de moda. Para mim foi uma honra poder dar vida a uma personagem assim e sentir um pouco. Pude durante meu trabalho experimentar esse sentimento. Senti muito pelas mulheres que sofrem qualquer tipo de violência. Senti por elas", completa a irmã de Ricky Tavares, que também passou pelo elenco numeroso da trama bíblica.
Já vista em novelas como "Rebelde" (2011/2012) e "Jesus" (2018/209), a brasiliense classifica sua nova personagem como uma jovem muito forte e que usa seu senso de justiça para sobreviver. "E esse lado justo é porque a Tamar precisa ter coragem para se posicionar diante dos fatos que ocorrem na vida dela", prossegue Juliana.
"E isso é admirável nela. E para a época que ela viveu faz dela também muito resiliente, diferente das outras mulheres que estavam sempre em um lugar de inferioridade", afirma. "Com coragem a Tamar sai do lugar de vítima e da mulher que acata o que a sociedade impõe", explica acrescentando que a jovem recorre a Deus em prol de ajuda quando se encontra "sem saída, sozinha, desamparada e desonrada".
E acrescenta sobre o casamento de Tamar com Onã (Caio Veagati) após a morte de Er (Tiago Marques) para poder gerar descendentes: "Não deve ser nada fácil, é uma situação delicada. Aí você vê como a mulher era colocada como uma peça para gerar filhos".
Juliana acrescenta ainda ter emprestado a Tamar todas as suas emoções. "Entre o 'ação' e o corte do diretor entrego toda a minha verdade, tudo o que posso e sinto mais verdadeiramente possível", assegura. E da mesma forma que o irmão mostra um apreço maior para os personagens extraídos da Bíblia.
"Eles trazem uma carga bacana, legal de se reviver. Tamar e Maria (de 'Jesus') me trouxeram um aprendizado que eu nunca teria experienciado", define a artista que a princípio seria vista em apenas 10 capítulos e optou por não assistir "José do Egito" (2013), na qua sua personagem coube a Camila Rodrigues.
"Mas o personagem do cotidiano e ficcional também tem seu valor por gerar identificação forte com as pessoas de hoje. Só que nem sempre têm uma carga dramática e um peso tão palpável quanto os bíblicos", finaliza.