Walcyr Carrasco, o autor de "Amor à Vida", falou abertamente sobre a personalidade perversa de Félix (Mateus Solano), o vilão da trama das nove da TV Globo, e a sua rejeição pelo pai após a descoberta de sua homessexaualidade. Em conversa com o jornal carioca "Extra", desta terça-feira (30), ele falou que o personagem não sabe amar.
"As pessoas que não se sentem amadas na infância não aprendem a amar. E, no caso do Félix, rejeitado, essa lacuna exaltou o lado sombrio de sua personalidade", disse Walcyr sobre a rejeição que o administrador sofrerá do pai, quando César (Antônio Fagundes ) descobrir que o filho é gay após uma briga com Edith (Bárbara Paz).
"Félix tem muita dificuldade em lidar com a rejeição de César. E por isso que esteve no armário a vida toda. E uma difícil relação entre pai e filho", completa. Após descobrir a verdadeira orientação sexual do filho ele passa os dias a martiriza-lo com frases como: "Entre você e esse rapaz ... Quem é o homem e quem é a mulher?", "Com certeza você não foi homem suficiente para a sua mulher" e "Como quer que eu me sinta, Félix, ao saber que meu filho é tudo, menos um garanhão? Que o filho de César Khoury...é gay?".
"César é machista, de uma educação machista, e, por ser de família libanesa, é mais machista ainda. Ele não aceita, não entende que a pessoa nasce assim", pontua Rosamaria Murtinho, que vive Tamara, a sogra do administrador.
Carrasco termina a entrevista mandando um recado aos espectadores. "Nesses tempos de politicamente correto, sempre que aparece um personagem gay, dá impressão que tudo é um conto de fadas. O pai gosta, a mãe gosta, parece que não existe rejeição, hipocrisia e preconceito. Mas existe, mesmo dentro das famílias. Ambos os personagens, César e Félix, saem mais humanos desse embate".