A tão esperada cena que revelou para a família Khoury que Félix (Mateus Solano) era mesmo o grande vilão de "Amor à Vida" fez a trama das nove bater recorde de audiência em São Paulo: 43 pontos com 67% de participação na audiência total. Antes dessa, as duas cenas de grande impacto da trama, como a que revelou que o vilão era gay e a surra de Pilar (Susana Vieira) em Aline (Vanessa Giácomo) registraram 34 e 39 pontos, respectivamente. Para o preparador de elenco Sergio Penna, a cena que foi ao ar na segunda-feira (18) "foi o ápice, tanto dos personagens quanto dos próprios atores. O epicentro dramático de toda a novela".
Em entrevista ao Purepeople, Penna falou sobre a gravação da sequência. "Foi o encontro de dois grande atores, muito motivados por seus personagens", disse ele, referindo-se a Mateus Solano e Paolla Oliveira. "Essa cena foi muito importante para a novela, mas também muito especial, pois o público já sabia o que o Félix tinha feito, mas sua família não. Foi a grande revelação para aquela irmã que sempre o amou".
Sergio Penna explica que nenhuma marcação foi feita para a gravação: "Trabalhamos a intenção dos personagens, mas eles tinham múltiplas possibilidades para explorar. O embate físico entre eles, inclusive, aconteceu. Não estava escrito em nenhum lugar que eles tinham que duelar fisicamente".
Para Sergio, ponto para a direção de Mauro Mendonça Filho. "Ele fez um trabalho muito sutil com os atores, deixando-os livres para viver a história", afirma. E conta que Paolla Oliveira e Mateus Solano não se encontraram antes de gravar: "Fiz trabalhos individuais com eles, de aquecimento para a cena. Eles tinham que estar na temperatura que o momento de seus personagens exigia e no domínio de toda aquela carga dramática".
E na hora do "gravando", é preciso seguir em frente sem grandes repetições. "Essas cenas muito fortes não podem ser repetidas muitas vezes. É um desgaste muito grande dos atores, a maquiagem borra com as lágrimas, objetos do cenário podem ser quebrados. Ninguém sabe exatamente o que vai acontecer, mas o certo é que em geral não existe mesmo muita repetição", diz Sergio. E conta que, para garantir os melhores takes, são usadas várias câmeras, especialmente voltadas para os atores principais.
No final da sequência, segundo Sergio, os atores saem abalados, mas também muito aliviados. "É uma carga de tensão muito grande a que eles são submetidos", explica. Por este motivo, conta que faz um trabalho com os atores para que eles consigam "sair da cena": "É muito delicado, por isso eles precisam saber deixar o personagem. E só assim conseguem ter a sensação profissional de dever cumprido".
O preparador do elenco conta que o trabalho para esta cena começou ainda no início da trama de Walcyr Carrasco: "A Paolla Oliveira foi se transformando aos poucos nessa mãe leoa, que explodiu quando descobriu que seu irmão tinha jogado sua filha no lixo. Uma história horrível, mas real, que acontece de verdade por aí".
Mateus Solano, para ele, precisou se reinventar como ator para não deixar o personagem caricato. "Esse vilão é um personagem atormentado. Estudamos vários psicopatas para descobrir o lado humano do Félix e encontramos. Tudo o que ele fez foi para ser amado pelo pai (César, vivido por Antonio Fagundes). Aí ele cresce com toda aquela instabilidade emocional, é amado de forma exacerbada pela mãe, Pilar, que fecha os olhos para todos os seus problemas".
Sergio ressalta que para garantir que tudo saísse de forma impecável, os outros atores que também estavam envolvidos se concentraram tanto quando os personagens principais. "O companheirismo do elenco foi excepcional. Muito respeitoso mesmo! Eles entraram em suas personagens, reagiram como eles, mas deixaram Mateus Solano e Paolla Oliveira brilharem".
(Por Carmen Moreira)