Apenas no primeiro capítulo, "Amor à Vida" conseguiu causar um impacto que muitas tramas levam quase 100 para alcançar. A expectativa era grande em torno do estreante no horário, Walcyr Carrasco, que junto com sua equipe e elenco prometiam um novelão. E cumpriram: nesta segunda-feira (20), a trama começou cheia de emoção, atuações inspiradíssimas, ousadia na direção e um ritmo acelerado, que prende o espectador do início ao fim.
A comoção do público nas redes socias já dá uma prévia do sucesso que vem por aí. Nas redes sociais, durante toda a exibição do capítulo, os internautas comentaram as cenas, o desempenho dos atores, a agilidade dos acontecimentos, dentre tantos outros detalhes que tiraram o fôlego de quem assistiu.
Desde a apresentação dos personagens, cada sequência foi muito bem pensada e cuidada, em todos os sentidos. O conflito de Paloma (Paolla Oliveira) e sua mãe, estabeleceu a tensão inicial, o que fundamenta a manipulação de Félix (Mateus Solano), que mostra já nesse início um vilão sólido, bem contruído e com sutilezas de personalidade. Em pouco tempo se tornou o queridinho do público. Quem não sabia que o irmão invejoso da protagonista é um gay enrustido, já desconfiou logo. E para aqueles que estavam sabendo, reconhecer uma pinta aqui e outra ali que ele dava, entre uma maldade e outra, foi delicioso.
Outro grande acerto e destaque é Juliano Cazarré, também estreante como protagonista, mas trazendo muita experiência de seus brilhantes trabalhos no cinema. Completamente desligado do Adauto de "Avenida Brasil" tanto na caracterização quanto na atuação, o ator deu um show de interpretação, indo desde o andarilho apaixonado, passando pela cena mais comovente do capítulo - em ele chora quando é pego pela polícia tentando embarcar para o Brasil traficando drogas -, até o reencontro com Paloma e a primeira briga do casal. A verdade cênica que Cazarré passa em cada momento em que está atuando é de arrepiar. Dentre os muitos elogios para a cena da prisão de Ninho, a atriz Giovanna Lancellotti postou: "Palmas para Juliano Cazarré!!! Mandou muito nessa cena!".
Em escolhas bastante ousadas da direção, Mauro Mendonça Filho mostra que vai fazer diferente quando achar que deve. Há muitos anos não se via um personagem fumando cigarro em uma novela, mas Ninho fumou quando foi buscar a droga para traficar. Essa transgressão do políticamente correto a qualquer custo que vinha sendo praticado influencia positivamente e trás mais veracidade e realismo. Outro acerto foi a câmera parada no rosto do ator, nas sequências do aeroporto, pouco antes da prisão. Este é um recurso usado muito no cinema, mas pouco comum nas novelas, e ajudou a dilatar a tensão, a fazer com que a gente sentisse mais de perto a aflição de Ninho.
Eletrizante, o capítulo seguiu com a mesma qualidade de ritmo e execução até o fim, com a angústia dos dois partos - o de Paloma e o de Luana (Gabriela Duarte). Ainda teve uma surpresa de bônus, para aqueles que acharam que os bebês seriam trocados. Mateus Solano foi perfeito novamente quando Félix acha a sobrinha ao lado da mãe deamaiada e faz graça, chamando de brega o lugar em que a irmã foi dar à luz e apelidando a bebê de ratinha. Não teve como não se horrorizar com a crueldade do vilão ao abandonar a menina no lixo. Assim como veio o alívio quando Bruno (Malvino Salvador), desolado depois de perder a mulher e o filho, encontrou a nenê e a tomou como uma nova chance de ser feliz.
O único ponto fraco ficou por conta da escolha da trilha de abertura. Talvez o equívoco não tenha sido nem a canção "Maravida", de Gonzaguinha, mas a interpretação do cantor sertanejo Daniel não casa muito bem com a suavidade da abertura lúdica que é apresentada.
Memos assim, novela boa é isso: termina com deixando sensação de que vem muito mais por aí, e que você mal pode esperar para ver! Quem perdeu o capítulo, pode aproveitar nossa faleria de imagens dos momentos mais importantes e também ler o resumo da semana .
(Por Samyta Nunes)