Antonio Fagundes não parece conformado com o fim que o autor Walcyr Carrasco deu ao seu personagem, o César de "Amor à Vida". Em entrevista à revista "Veja" publicada nesta sexta-feira (31) o ator disse que a punição do médico, que terá um AVC após ficar cego no final da novela, é injusto.
Depois de trair Pillar (Susana Vieira), sua mulher na trama, trocá-la pela jovem secretária, Aline (Vanessa Giácomo) e rejeitar o próprio filho por descobrir sua homossexualidade, César, na opinião do ator, não merecia um final tão cruel.
O ator justifica que o único "crime" do dono do San Magno foi trair Pillar. E isso foi o bastante para ser alvo do sofrimento máximo no final da trama.
"O cara está mal, mesmo. É gozado o que aconteceu com o César, porque o público perdoou um cara que jogou criança em caçamba, mas não perdoou uma traição. A única acusação contra o César é de que ele traiu a mulher. Você vê como a mulher é vingativa, quem assiste novela é mulher. Ele vai ser castigado em nome da intransigência das mulheres que assistem à novela. Tadinho, ele errou, né? Eu acho que não precisava de tanto castigo, já pagou, ficou cego".
Ao ser questionado de que César apresenta outros defeitos, como o perfil homofóbico, Fagundes rebateu: "Ninguém tocou nesse assunto, a traição é que é imperdoável. Ser homofóbico tudo bem, mas trair a mulher ninguém perdoa", diz.
Considerada uma trama de sucesso por alcançar altos índices de audiência, o ator atribuiu a boa repercussão da novela à prpofundidade dos assuntos polêmicos tratados no folhetim, escrito por Walcyr Carrasco.
"Essa novela falou de homofobia, autismo, barriga de aluguel, homossexualidade, casal gay. A novela brasileira faz isso. Às vezes, a gente é cobrado porque a gente quer isso, a gente quer mais, quer que haja discussões filosóficas profundas. Mas isso não é novela, novela é entretenimento. Nesse sentido, acho que "Amor à Vida" cumpriu todas as suas propostas e ainda acrescentou um pouquinho", diz Antonio.