Se as temporadas passadas foram dominadas pela fluidez e pelo predomínio dos comprimentos mídi e longos, as passarelas das semanas de moda internacionais (Nova York, Londres, Paris e Milão) revelam uma reviravolta nesse cenário. É que os anos 80 têm sido a tônica mais forte do mood das apresentações, trazendo de volta algumas características que não víamos há muito tempo. A alfaiataria vem, desta vez, com ombros mais volumosos e marcados, as cores estão mais vibrantes (atenção à tendência neon) e os comprimentos, agora, encurtaram.
Os vestidos com pegada anos 80 trazem, além das pernas de fora, aspectos menos fluidos e mais esculturais. No badalado desfile da Off_White, que teve o casal #Brumar na fila A, por exemplo, o tule se contrapõe à malha para criar modelos com um pé no esportivo (Virgil Abloh, diretor criativo da marca, foi quem criou modelos com essas características para a tenista Serena Williams), e outro na balada. A assimetria aparece no comprimento da saia de tule, que cria um aspecto escultural e, ao mesmo tempo, delicado.
Já as marcas que têm essas características no DNA, como a Balmain, conhecida por suas peças bem construídas e poderosas, e a Yves Saint Laurent, que traz essa sensualidade rígida como marca registrada do diretor criativo, Anthony Vaccarello, a trend foi só umas uma continuação de seus trabalhos. Verdadeiras esculturas, os looks da Balmain trazem assimetrias impecavelmente arquitetadas para valorizar a silhueta feminina em pontos estratégicos. Ao mesmo tempo. Já a Saint Laurent aposta em uma sensualidade explícita, porém mais divertida, com decotes vertiginosos, mas também estampas (listras e estrelas, por exemplo) e laços gigantes aplicados em pontos estratégicos. Na Semana de Moda de Milão, a Emporio Armani aliou tons de azul royal e amarelo neon e vestidos curtíssimos construídos com a tendência balonê, que tem a cara dos anos 80.
A trend das roupas mais construídas costuma gerar alguns narizes torcidos entre as fashionistas, especialmente as brasileiras. É que como o Brasil é um país tropical, o público costuma ter mais apego às peças fluidas, tons vibrantes e uma sensação de conforto na roupa, coisa que a trend anos 80 não traz muito. Por outro lado, é o corpo da brasileira (com quadril largo e cintura fina) o mais privilegiado pelos volumes estratégicos (especialmente nos ombros, o que equilibra os quadris) e pela cintura marcada. É uma tendência para deixar todas maravilhosas!
(por Deborah Couto)