Intérprete do assassino responsável pelo massacre de Seropédica em "A Regra do Jogo", Tony Ramos está prestes a dar uma pequena pausa nas gravações da novela, já que Zé Maria vai forjar a própria morte e ficar alguns capítulos fora da trama. Em conversa com o Purepeople nos bastidores, o ator comenta o conservadorismo na teledramaturgia. Ele desaprova o preconceito com homossexuais e sua representação na telinha: "A família brasileira está cheia de homossexuais, vamos parar com isso".
Embora apoie a representação dos gays nos folhetins, Tony Ramos diz que compreende a resistência que parte do público tem com certas cenas: "Eu não acredito em conservadorismo, acredito em pessoas mais assustadas com novas ideias. Respeito quem é conservador. É o direito da pessoa ser conservador e não gostar de uma determinada cena. É direito da pessoa estar na sala dela com um adolescente de 13, 14 anos e se constranger vendo uma cena de sexo. Acho que a novela das nove pode e deve falar de sexo, pode mostrar o erotismo, mas com muita responsabilidade".
Porém, com sua fala serena e ponderada, Tony critica atitudes hipócritas e discursa sobre tolerância e civilidade: "Agora, não mostrar também, colocar debaixo do tapete, dizer: 'Ah não pode falar de homossexual porque a família brasileira...' Mentira. Porque a família brasileira está cheia de homossexuais, vamos parar com isso. Deixem essas pessoas em paz. Elas têm o direito de viver em paz e com tolerância da sociedade. A sociedade tem que entender o que é tolerância. Civilização e democracia é entender e respeitar o próximo. É isso. É mais simples que uma equação de primeiro grau".
Sexo e violência nas novelas
Com relação a cenas masi explícitas de sexo, o veterano acredita que tem de haver alguns limites. "É muito cômodo ser todo mundo moderno e falar: 'tem que mostrar!'. Não tem não. Tem que ter certos cuidados. Não tem que ter beijos de desafogar pia com a língua que vai lá embaixo e limpa a garganta. Não precisa disso. Aliás, é um horror, é antiestético, é feio. Precisa do erotismo fornecido pela alma da personagem".
Para exemplificar seu ponto de vista, ele elogia a minissérie exibida logo após a novela das nove, que teve cenas intensas de sexo e até uma personagem estuprada na trama : "Eu estou vendo 'Ligações Perigosas' e é exepcional. É tudo tratado com muita coerência. Porque às 23h tem muita criança acordada, ainda mais nas férias".
E, feliz com a obra de João Emanuel Carneiro, o artista também rebate críticas sobre haver muita violência em "A Regra do Jogo": "Tem violência em qualquer lugar. Aí todo mundo vê 'Breaking Bad' e acha maravilhoso. É mais violento que a novela, e a criancinha vê com o pai. Não se esqueçam de que aquilo é violentésimo. E, aliás excelente, vamos deixar claro. Mas eles mostram ali o que é possível acontecer numa sociedade contemporânea."
(Por Samyta Nunes)