O que é a Síndrome do Ovário Policístico, também conhecida como SOP? A dúvida pode ter sido comum em muitas pessoas depois que a atriz Larissa Manoela compartilhou seu diagnóstico nas redes sociais. Trata-se de uma alteração hormonal que pode afetar as mulheres em idade reprodutiva.
Segundo o ginecologista Rodrigo Ferrarese, estima-se que esteja presente em cerca de 8% a 13% da população feminina. "Ela traz consequências para o corpo e para a saúde da mulher tais como obesidade, alterações nos índices de colesterol, pressão alta e maior propensão ao diabetes", aponta o médico.
"Ainda assim, o problema da síndrome não são os cistos em si e sim um desequilíbrio hormonal. Além disso, a doença também atrapalha a fertilidade por 'bagunçar' a ovulação", conta o especialista.
Quem explica quais são as principais alterações do hormônios femininos é ginecologista obstetra Dr. Fernando Prado. "Sem causa específica estabelecida, a Síndrome dos Ovários Policísticos ocorre quando, devido ao aumento na produção de hormônios masculinos na mulher, o processo de ovulação é interferido", explica o Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor-clínico da Neo Vita.
"Isso pode levar a formação de cistos nos ovários e ao atraso ou interrupção da menstruação devido à falta de ovulação, consequentemente dificultando as chances de uma gravidez natural", afirma.
Em muitos casos, no entanto, a Síndrome dos Ovários Policísticos passa despercebida e não é diagnosticada. Por isso, é fundamental prestar atenção aos sintomas e realizar consultas regulares ao ginecologista.
"Além do atraso ou interrupção da menstruação, a pessoa que sofre com SOP pode notar outros sintomas, como ganho de peso, crescimento de pelos no corpo, surgimento de acne, inflamação e resistência insulínica", aponta o Dr. Fernando.
"No entanto, para podermos afirmar que essa irregularidade faz parte da SOP, é necessário considerar um desses critérios: entre o primeiro e terceiro ano após a primeira menstruação, se os intervalos entre os ciclos forem menores que 21 dias ou maiores que 45 dias; após três anos da primeira menstruação, se os intervalos forem menores que 21 dias ou maiores que 35 dias, em pelo menos 8 ciclos menstruais. Toda vez que ocorrer um atraso menstrual maior que 90 dias", completa Dr. Rodrigo.
Os especialistas reforçam que não. "Apenas a presença de cisto nos ovários não caracteriza um quadro de Síndrome do Ovário Policístico, visto que a formação de cistos nos ovários é normal em mulheres na idade reprodutiva devido ao ciclo menstrual", indica. Dr. Fernando.
Dr. Rodrigo Ferrarese aponta que o assunto é uma dúvida recorrente entre as mulheres. "Uma das confusões mais comuns que eu vejo no consultório é entre ovários policísticos e a Síndrome dos Ovários Policísticos. São coisas bem diferentes, no entanto, os nomes parecidos podem enlouquecer uma paciente desatenta. O cisto simples (também chamado de cisto folicular ou folículos antrais), visto na ultrassonografia, nada mais é do que o 'ovinho' que vai fazer a paciente ovular e depois engravidar (caso ela queira engravidar, claro)", indica.
O médico destaca ainda que, como a paciente não ovula, é comum que tenha dificuldade para engravidar. "Aliás, quando consideramos a infertilidade por fator hormonal, a Síndrome dos Ovários Policísticos é a causa presente mais comum. Vale dizer, no entanto, que, com um tratamento adequado, a mulher pode, sim, engravidar. Esse tratamento varia de caso a caso", finaliza Dr. Rodrigo.
O médico poderá recomendar estratégias para ajudar no controle dos sintomas, podendo variar de acordo com a gravidade do quadro e das características de cada mulher, incluindo sua vontade ou não de engravidar.
"O principal método de tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos é a adoção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação balanceada e a prática regular de exercícios físicos", indica Dr. Fernando Prado.
"Já a terapia medicamentosa pode ser realizada com pílulas anticoncepcionais para regularizar a menstruação ou, caso a mulher queira engravidar, indutores de ovulação. Em caso de resistência insulínica, o médico também pode receitar hipoglicemiantes para controlar o quadro e afastar o risco de diabetes", completa.
O médico finaliza com o alerta: "O mais importante ao notar os sintomas da Síndrome do Ovário Policistico é consultar um ginecologista para receber o diagnóstico e tratamento adequado".