Silvio Santos está vendendo o SBT, mas tem dificuldades de encontrar um comprador para o valor de cerca de R$ 1 bilhão. Os investidores têm receio de como seria o futuro da emissora sem o apresentador que a representou por tantos anos, assim como suas marcas de anunciantes, das próprias empresas da família de Silvio, que voltou às gravações recentemente após contrair Covid-19.
Segundo o "Notícias da TV", o apresentador, cujo look chamou a atenção em sua festa de 91 anos, teria autorizado dois representantes para iniciar o processo de venda da emissora, mas os investidores se preocupam.
"O SBT é o Silvio Santos. O Silvio quer R$ 1 bilhão para vender a TV. Mas quanto vale o SBT sem o Silvio e sem as empresas do grupo que anunciam no canal? O modelo de negócios foi montado para vender os produtos de Silvio.", avaliou um especialista que ouviu a proposta da emissora que vem sofrendo demissões.
Além disso, questões na legislação brasileira impedem a venda tanto do SBT quanto de outros conglomerados de mídia como a Band, Globo e RedeTV!, pelo menos para investidores de fora do Brasil. Tais empresas teriam interesse em abrir seu capital para o mercado internacional.
Entretanto, a Constituição federal limita a porcentagem de detenção de estrangeiros à grupos de mídia brasileiros em 30%, o que tem apoio de políticos, como o presidente Jair Bolsonaro, e das emissoras supracitadas para aumentar, de acordo com o "Notícias da TV".
Foi o mesmo portal que ouviu um executivo de televisão que explicou a situação hoje. "O cenário eleitoral será definido no próximo ano. Mesmo que Jair Bolsonaro se reeleja, há chances de a lei mudar para permitir a entrada de capital estrangeiro na mídia. É o que a maioria dos grupos de comunicação busca", garante ele.
Ainda de acordo com o site, em reportagem de Guilherme Gavache, um representante de Silvio Santos teve proposta de venda da emissora negada por outro motivo, que não o valor: a instabilidade política do país, além da polarização, citada até mesmo em polêmicas recentes de outro cunho, como aquela entre Ícaro Silva e Tiago Leifert.
Na proposta em questão, o representante de Silvio Santos teria pedido valor menor ao original, de R$ 1 bilhão, mas acabou levando um "não" pela questão política.
Os investidores têm medo de que a polarização - e o que a mídia tem representado nesse cenário, já que as emissoras passaram a ser atreladas à certos posicionamentos políticos, como apoio ou rejeição ao presidente Jair Bolsonaro, por exemplo - atrapalhe seus outros negócios.