Sheron Menezzes se define como uma mulher otimista. Prestes a estrear como a Bertoleza na próxima novela das onze, "Liberdade, Liberdade", a atriz, uma das beldades a brilhar na festa de lançamento na trama, comentou sobre as atitudes racistas que persistem nos dias atuais, comparando às dificuldades enfrentadas pelos negros do século XVIII.
Após exibir uma "peruquinha" de pelos nas axilas típicos da época durante a semana, a artista condenou os preconceituosos que se incomodam em ver os negros se destacarem em obras televisivas. "Têm que se tratar! O mundo é outro. Estamos falando de uma novela de 1808, nós estamos em 2016. Se ainda não entendeu, só fazendo terapia", declarou Sheron, recentemente alvo de ataques racistas na internet e na infância, quando estava na escola.
'Minha personagem é uma mulher de hoje, mas em 1808'
A atriz contou que sua personagem, uma escrava alforriada nascida em Portugal, será malvista ao chegar ao Brasil por se vestir como as damas. "As pessoas tomam um choque com ela. Não reagem bem porque não estão acostumados a ver uma negra vestida como uma dama. Os escravos não entendem como uma escrava está vestida daquele jeito e ela não entende por que as pessoas acham aquilo estranho", contou sobre a personagem. "Ela sofre muito, não se entende isso. Não se sente nem superior e nem inferior sobre os escravos", acrescentou.
"O Brasil foi um dos últimos a abolir a escravidão e em Portugal era comum ter negros livres. Quando eles vêm fugidos de Portugal para o Brasil, é um choque. Ninguém entendia como os negros andavam vestidos daquele jeito, como damas. A personagem é linda, tem um conflito muito grande. É uma mulher de hoje, mas em 1808", acrescentou.
Atriz não se deixa levar pelo pessimismo sobre o número de negros na TV
Sheron afirmou ainda ter uma visão positiva em relação à representatividade negra nas telenovelas e acrescentou que acredita que esse quadro vem melhorando: "Eu sou uma pessoa extremamente otimista. Tem que melhorar? Sim! Podia ter mais, claro! Mas temos. E tem muita gente vindo, muita gente para vir ainda".
Para Sheron, é essencial lutar para defender seus direitos, assim como fez a atriz Taís Araújo após ser alvo de ataques racistas: "Como uma pessoa pública, é nossa obrigação nos posicionar contra as coisas que achamos errado".
(Com apuração de Samyta Nunes e texto de Carol Borges)