O trabalho é parte importante de nossa vida, dedicamos uma boa parte de nosso dia trabalhando. Para algumas pessoas, no entanto, a rotina profissional pode se tornar um desafio estressante, que acaba desenvolvendo uma série de doenças psicossomáticas.
A médica Priscilla Furtado explica como o excesso de demandas pode afetar diretamente nossa saúde física e mental (veja dicas de como evitar a exaustão).
"O trabalho é extremamente importante porque traz a sensação de utilidade ao ser humano, e até mesmo um sentido para a vida de muitas pessoas. No entanto, temos visto cada vez mais casos de 'Burnout', uma doença relacionada ao esgotamento profissional. E a psicologia positiva vem para nos ajudar a escolher o melhor caminho", comenta.
Ainda que o trabalho seja parte importante de nosso dia, não podemos nos deixar levar a aceitar situações desgastantes como uma coisa natural. "Passamos a maior parte de nosso tempo no trabalho e ele pode ser fonte de saúde ou pode ser um dos principais motivos de adoecimento", destaca Priscilla.
É importante se questionar se o trabalho que estamos fazendo ou a empresa em que estamos ainda faz algum sentido.
"As pessoas precisam parar e olhar para a própria rotina e se perguntar se ela contribui ou consome a sua própria saúde", fala Priscilla.
O estresse vivido de maneira constante e diária pode trazer uma série de consequências para a nossa saúde.
"Uma rotina estressante traz prejuízos ao humor, pode trazer conflitos conjugais, impaciência com os filhos ou com os próprios colegas de trabalho, sensação de cansaço, dores de cabeça, dores musculares, dores de estômago. Mais cedo ou mais tarde, o corpo cobra um preço por viver sobrecarregado", enfatiza a especialista.
"Podemos sofrer com a queda de cabelo, azia, refluxo, insônia e até doenças mais complexas como câncer, alzheimer e apresentar problemas no coração", aponta.
"O estresse também está relacionado ao agravamento de doenças de pele (alergias, psoríase, acne, vitiligo, herpes), doenças autoimunes (como diabetes, artrite, lúpus), doenças inflamatórias intestinais, gastrites, dores crônicas, transtornos mentais, entre outras. Pode também prejudicar a vida sexual", acrescenta Priscilla.
A pandemia de COVID-19 mudou completamente a rotina das pessoas. Principalmente a profissional. De repente, todos se viram em isolamento social e tendo que trabalhar de casa (saiba como deixar o home office mais produtivo).
"Poucas pessoas se adaptaram bem. A maioria teve muitas dificuldades. A primeira delas foi em relação ao ambiente. Mesas, cadeiras, espaços improvisados, muitas vezes inadequados, sem a devida ergonomia, atrapalham o rendimento", relata.
"Lidar com barulhos e interrupções – filhos, cônjuges, questões domésticas, animais, foram queixas frequentes também. Além disso, essa 'mistura' entre trabalho e vida pessoal, sem uma colocação de limites adequada, fez com que muitos se sentissem sobrecarregados, como se estivessem sempre trabalhando", afirma.
O primeiro passo para uma mudança de vida significativa sempre deve partir do indivíduo. É importante lembrar que tudo deve ser feito de acordo com a necessidade. "Esqueça rotinas idealizadas, que são impossíveis de se colocar em prática", aconselha.
Trabalhar é essencial para a manutenção de nossa vida no sentido social, financeiro e familiar, porém, é importante ponderar entre o que nos faz mal e o que faz bem. "É equivocada a ideia de que se deve focar somente em resolver problemas e esquecer-se do prazer e do bem-estar", diz.
"A mudança começa consigo mesmo! Organizar-se, planejar os próprios horários, respeitar suas pausas e a hora de 'desligar', são metas que precisam ser cumpridas", conclui Priscilla Furtado.