Sandra Annenberg está retomando a carreira de atriz como uma contadora de histórias na peça "Pedro e o Lobo", em São Paulo. Hoje apresentadora do "Globo Repórter, a jornalista chegou a atuar em produções da própria Globo, Band e SBT. E foi na emissora de Silvio Santos que Sandra participou de um dos maiores fiascos da teledramaturgia nacional: a novela "Cortina de Vidro".
Exibida entre outubro de 1989 a maio seguinte somou 168 capítulos. O número até parece alto, mas se torna pequeno se comparado com a quantidade de episódios das tramas infantis que o mesmo SBT produz desde 2012 e que geraram críticas de João Guilherme, ator de novelas como "Cúmplices de Um Resgate" (2015/2016).
"Cortina de Vidro" não só enfrentou a repercussão mínima como teve pela frente alguns problemas. Passados 34 anos, a novela de Walcyr Carrasco, hoje à frente de "Terra e Paixão", na Globo, jamais foi reprisada pela emissora.
Em julho de 1989, a "Folha de S.Paulo" informava que então globais Cássia Kis (envolvida no ano passado em polêmicas por questões políticas), Lucélia Santos, Gianfrancesco Guarnieri, Paulo Betti e Jayme Periard haviam acertado suas participações na história. Desses, só Gianfrancesco e Jayme integraram a produção, dando vida a Artur e Marcelo.
Passados dois meses, o mesmo jornal informava que além de Lucélia e Paulo, outros atores declinaram do convite da rede de Silvio Santos. A eles se juntaram nomes como Tarcísio Meira - morto há quase dois anos -, Nuno Leal Maia, Bruna Lombardi e Nívea Maria.
Mas se você acha que esse foi o grande problema de "Cortina de Vidro" nos bastidores, errou! Em novembro, portanto, apenas um mês após a estreia veio um grande "abacaxi". Principal cenário da trama, o 22º andar do prédio da Dacon, localizado na Avenida Brigadeiro Faria Lima, foi adquirido por um banco.
Assim, "Cortina de Vidro" foi despejada e um incêndio antecipado em 40 capítulos para justificar a falta do cenário, embora na época, a produção alegasse que havia um contrato até fevereiro de 1990 para aluguel do espaço.
A trama de Walcyr girava em torno do empresário Frederico (Herson Capri), que só chegava e deixava o prédio de helicóptero. O edifício abrigava ainda outros espaços como academia de dança e corretora. Assim, era possível que diferentes núcleos se encontrassem no mesmo local.
E Sandra Annenberg? Cabia à atriz interpretar a sindicalista Ângela, que perdia a mãe, Silvia (Miriam Melher) logo na estreia. A operária despertava a paixão em Nicolau (Raymundo de Souza), rival de Marcelo, na novela inspirada no filme "Rede de Intrigas".