Renata Silveira , primeira mulher a narrar a Copa do Mundo na TV Globo, não fica tão feliz ao ser considerada 'pioneira'. Em entrevista à revista '29', há dois anos, a jornalista que cobre as Olimpíadas de Paris pelo Sportv e já foi bailarina no programa do Faustão falou sobre o orgulho de ter feito história, mas também sobre um incômodo ao perceber a demora para vozes femininas ocuparem esse espaço.
Dando lugar à Natália Lara, que este ano ficará responsável pela narração dos Jogos Olímpicos na Globo, Renata segue firme pelo Sportv analisando os melhores momentos do evento em Paris. Ao 'O Globo', o diretor de Esportes da emissora Renato Ribeiro, explicou: "Aproveitamos que a Renata está consolidada na Globo para colocar um nome forte no Sportv. E é a chance de a Natália ganhar protagonismo para, ao fim da Olimpíada, termos duas narradoras potentes. E a Renata vai acabar narrando jogos na Globo de qualquer forma".
Apesar de todo o reconhecimento e consciência sobre sua própria importância, Silveira contou que o machismo no meio esportivo a incomoda demais! "Eu me sinto honrada pelo título de 'pioneira', mas eu nunca quis que fosse assim. É triste pensar que demorou tanto para estarmos aqui. Meu mais sincero desejo era que eu fosse apenas mais uma entre tantas mulheres que já tivessem conseguido alcançar esse espaço. Mas, enquanto ainda engatinhamos, creio que seja um marco crucial para desestruturar estigmas e preconceitos no esporte", expressou ao veículo, em 2022.
"Enquanto público, não estamos preparados para assistir, ouvir, admirar e consumir conteúdos produzidos por mulheres. Mas é claro que, quando falamos sobre futebol, a situação se agrava. Até meados de 1940, nós éramos proibidas de jogar, de assistir e até de comentar sobre o esporte. Desaceleraram nossos passos e, por isso, estamos chegando tão tardiamente", complementou a morena.
Ela também disse nunca ter se sentido intimidada pelo machismo, sempre acreditando que a luta continuaria e que seu lugar seria 'ali'. "Nada disso me impediu de acreditar que ali seria meu lugar. Em realidade, esse é um traço cultural que ultrapassa o esporte. Nossa sociedade foi estruturada sobre bases machistas", concluiu.
Em 2024, a guerra contra o machismo e a misoginia continua, tendo em visto tantos pensamentos retrógrados e infantis do público masculino. Nesta quinta-feira (25), Renata usou o Instagram para fazer uma narração mais bem-humorada, como um 'esquenta' para o Sportv, sobre o jogo de futebol feminino do Brasil contra a Nigéria. Alguns perfis acharam de bom tom debochar da jornalista e a comparar com Casimiro, do CazéTV, que também transmitirá os jogos.
"Obrigado por informar, SporTV será o menos assistido. Vamos de CazéTV!", comentou um perfil masculino, criando uma rivalidade inexistente. "Se você fosse a voz do Brasil, seríamos todos surdos", criticou outro, também em tom machista. "Os machos que todo dia falam que 'não ligam pro futebol feminino' correndo aqui pra falar mal e torcer contra. Imagina se eles ligassem né?", questionou outra pessoa, mais sensata. "Fracassados, fazem questão de ofender e diminuir os outros, tentam a qualquer custo rebaixar os outros para o seu nível!", criticou mais alguém. E a luta continua! Parabéns Renata e Natália!