São quase 20 anos de carreira, quatro filmes por semana, participação em eventos de cinema pelo mundo com a presença de ídolos nacionais e internacionais, além da oportunidade de entrevistá-los de perto. Assim é a rotina da jornalista Renata Boldrini, que este ano faz sua estreia na San Diego Comic-Con, maior feira de cultura pop do mundo e frequentada por geeks, tendo o apresentador Tiago Leifert assumidamente nerd e fã desse universo. "Apesar de gostar muito desse universo, não sou aquela expert, nerd. Entendo o que envolve o cinema, mas a Comic Con é muito maior que isso. Por outro lado, como meu foco é apenas o cinema, me dá mais tranquilidade para transitar e falar do que entendo. A cultura geek transita pelo meu universo há muito tempo, especialmente depois que a Marvel trouxe seus heróis pro cinema, dez anos atrás", explica a curadora de conteúdo da Ingresso.com e correspondente brasileira na cobertura do evento através das redes sociais da plataforma até domingo (22).
Histórias de bastidores não faltam na memória da jornalista. Para destacar um momento inesquecível, ela lembra o dia em que esteve com os galãs George Clooney - casado com a elegante advogada Amal Clooney -, Matt Damon e de Brad Pitt - atualmente se assumindo em seu melhor papel, como pai -, atores do elenco do filme "Onze Homens e Um Segredo". "Meus amigos sempre me pedem para contar o dia dessa entrevista com os astros que, por si só e por motivos óbvios, esse encontro já seria inesquecível. Mas ainda calhou de ser no dia do meu aniversário. Não perdi a chance de dizer pra eles na hora da entrevista e ganhei abraços e beijinhos dos três", diverte-se ao recordar.
Entre os entrevistados que destaca como terem sido especiais na sua trajetória, ela cita a atriz Kirsten Dunst, com quem costuma ser comparada devido a semelhança com a atriz. "Sempre me disseram que eu parecia com ela, por causa da Mery Jane que ela fez no cinema. Disse isso pra ela e ela respondeu na hora: 'Nós, parecidas? Uau, quem me dera ter esse seu cabelo.' De fato naquele dia o meu cabelo estava bem bonito! (risos) Aí, continuamos a conversa e no final elogiei a bolsa/carteira que ela estava usando. O que ela fez? Me deu de presente!" Outro nome que gosta de lembrar é o de Dustin Hofman: "Ele é uma das pessoas mais doces e inteligentes que eu já entrevistei. Quando falei que era brasileira, ele começou a falar de política e economia do Brasil com uma propriedade que eu fiquei surpresa. Ele sabia de informações e números econômicos que nem eu sabia. Falei pra ele que ele era mais brasileiro que eu."
Com uma carreira já consolidada, Renata recorda com humor de gafes cometidas no início da trajetória profissional. "Já passei algumas... A pior de todas acho que foi quando fui para Salvador entrevistar o Caetano e a Gal Costa pelo filme 'Tieta'. Eu era tão apaixonada por ele que depois de fazer a entrevista saí completamente deslumbrada e fui embora. Deixei a Gal me esperando na sala ao lado. Minha diretora quase me matou. Quase encerrei a carreira ali mesmo! (risos)." Outra gafe que ela lembra achando graça, mas com uma certa angústia, foi com o diretor Woody Allen durante um Festival de Cannes. "Ele é um dos meus diretores favoritos e quando o vi saindo da sala de coletiva, o abordei no meio dos seguranças acreditando que ele não fosse nem me olhar. Perguntei se ele poderia gravar algo para mim. Ele parou, e disse: 'tudo bem, pode perguntar.' Fiquei tão nervosa que não consegui ligar a câmera de jeito nenhum. Depois de alguns segundos, ele falou: 'olha, sinto muito mas não posso ficar aqui esperando.' E foi embora. Quase tive um piripaque aquele dia de raiva de mim!"
Se neste momento muitas estrelas de cinema relatam publicamente casos de assédio vividos no início da carreira com importantes figuras de Hollywood, assim como muitas jornalistas esportivas no Brasil, Renata também não escapou de situações de desconforto nesses anos todos. "Já ouvi gracinhas em entrevista. Na época, eu apenas me fiz de desentendida e mudei de assunto ou fechei a cara e encerrei a conversa antes do tempo determinado. Hoje seria muito diferente. Acho bem difícil que esse tipo de coisa aconteça", acredita ela que, mesmo por passar por situações chatas como essas ou ter uma rotina intensa, não abre mão das suas conquistas. Mas afirma que nem sempre é tão fácil quanto parece: "A única parte ruim é ficar longe da minha filha. Às vezes engato uma viagem na outra e isso me aperta o coração, apesar de ela entender perfeitamente. Mas quando volto, dou um jeito de compensar e fica tudo ótimo. Sinto um prazer enorme de fazer tudo isso. Amo muito meu trabalho." Entre as cidades por onde passou em viagens de trabalho pelo mundo, lista Los Angeles, NY, Londres, Paris: "Mas às vezes vamos parar em lugares paradisíacos também como um resort incrível em Los Cabos ou um hotel luxo em Palm Springs. Na maioria das vezes dá pra turistar."