O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica é celebrado nacionalmente em 29 de agosto e não é por acaso. Essa data, celebrada 10 dias depois do Dia do Orgulho Lésbico, foi um marco importante após a realização do 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE) no ano de 1996 no Rio de Janeiro e tem como objetivo garantir maior visibilidade às demandas da comunidade de mulheres lésbicas e bissexuais na sociedade, com igualdade de direitos e respeito.
O caminho até aqui foi longo e ainda há muita luta pela frente, mas vale destacar que a teledramaturgia teve um papel relevante nesse processo de dar visibilidade às relações lésbicas na TV. O Purepeople relembra alguns casais que conquistaram o público na TV brasileira, muitas em horário nobre, e que repercutiram fora da ficção antes mesmo do surgimento das redes sociais.
Entre adolescentes, mulheres adultas e representantes da terceira idade, o amor de personagens retratados na ficção é uma caracterização de relacionamentos reais e inspiradores.
Não há um consenso em relação a qual casal foi o primeiro a se beijar na teledramaturgia. Na extinta TV Tupi, dois nomes surgem como os mais prováveis: Karen Wright (Vida Alves) e Martha Dobie (Geórgia Gomide), de "Calúnia" (1963), um teleteatro. No mesmo ano e com o formato semelhante, surgiu ainda a personagem lésbica Inês (Laura Cardoso), que tenta seduzir Florence, um papel secundário na história "Entre Quatro Paredes".
A imprecisão em relação a quem de fato protagonizou o primeiro beijo lésbico da TV brasileira pode estar relacionada à ausência da internet. Com o avanço da tecnologia, no entanto, o registro na memória popular mudou de figura, porque a conversa e o debate tornou-se menos preso ao ambiente privado e começou a engatinhar para ser um assunto de interesse público.
Elas, definitivamente, não foram o primeiro casal lésbico a surgir na televisão, mas Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli) deixaram a própria marca na memória de todo público que assiste novela. As duas trocaram apenas um selinho em uma peça fictícia encenada dentro da trama, em que ambas interpretavam Romeu e Julieta. Na época, a história abordou ainda a reação da família, uma vez que ambas eram menores de idade.
Marina (Tainá Müller) trabalha como fotógrafa e se destaca na sua carreira. Clara (Giovanna Antonelli) é casada com Cadu (Reynaldo Gianecchini), com quem tem um filho. O relacionamento dos dois desanda quando o shipper "Clarina" toma forma dentro e fora das telas. O público torceu pelo romance e, no fim da trama, as duas acabam se casando, com direito a vestido de noiva igual e tudo. O padrinho? O próprio ex de Clara, Cadu. Mais maturidade que isso impossível!
Enquanto em "Mulheres Apaixonadas" as adolescentes estavam em horário nobre, dessa vez, Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) se apresentam em uma série voltada para os jovens. Lica, uma das personagens principais da trama, tem problemas familiares pipocando em sua vida, e passa por altos e baixos até conhecer Samantha, com quem decide viajar no final da temporada. A novela fez tanto sucesso que acabou concorrendo - e ganhando - o Emmy Internacional Kids 2018.
Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro) viveram muitos relacionamentos no decorrer da vida antes de se encontrarem. Quando, enfim, acontece, elas passam mais de 30 anos juntas. As duas têm uma importância especial porque mostraram ao público como um casal homoafetivo era igualmente capaz de criar um filho. As personagens criaram o neto de uma delas, órfão, e o menino chamava as duas de "mãe".
A trama de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes estreou com cena de beijo entre Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg antes do primeiro intervalo. Com manifestações do público contra e a favor da cena nas redes sociais, Estela e Teresa trocaram muitos beijos no decorrer da trama e também oficializaram a união, com a naturalidade que qualquer relação amorosa merece ter e ser celebrada.