Protagonista da série bíblica "Lia", Bruna Pazinato vê na ficção sua protagonista, a primeira mulher de Jacó (Felipe Cardoso) ser rejeitada pelo patriarca de Israel e obrigada a dividir o marido com a irmã e duas servas. Para a atriz e cantora gaúcha revelada na novela "O Rico e Lázaro", sua personagem é uma transgressora. "Eu vejo sim a Lia como uma representante do feminismo numa época onde as mulheres eram escória", afirma ao Purepeople. Além de tudo isso, Lia reage praticamente calada ao abuso sexual cometido por seus meio-irmãos contra Zilpa (Thais Muller), sua serva, única amiga e mãe de dois dos 13 filhos do seu marido na produção da Record TV assinada por Paula Richard.
Em uma época onde a mulher não tinha vez, a atriz aponta as atitudes que fazem de Lia, segundo ela, uma feminista. "Da maneira que ela pode, com as forças que ela tem e com o que ela pode fazer, ela tenta proteger sua amiga (Zilpa) e a si mesmo dessas atitudes machistas e de humilhação à mulher", diz. "Então, eu acredito que a Lia era uma transgressora da época, em relação a isso, que ela não aceitava e não admitia. Mas, também não tinha poder suficiente para conseguir colocar isso mais pra frente, abrir isso de uma forma mais ampla. Então, talvez se Lia existisse atualmente, ela seria com certeza uma líder feminista (risos)", acrescenta a atriz elogiada por seu desempenho no papel-título.
Na história de Paula Richard, Jacó, as quatro mulheres - Lia, Raquel (Graziela Schmitt), Zilpa e Bila (Caca Ottoni) - e seus filhos vivem juntos em um retrato daquela época criticado pela atriz. "Não é uma escolha. Era uma regra da época, onde as mulheres eram barganha. Nós não valíamos nada, servíamos para gerar filhos e fazer comida. Era isso", explica, acrescentando que não é contra alguém se envolver com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. "Então, acho que ia depender muito, eu não sou nem um pouco contra o poliamor. Acho que cada um deve viver o seu amor da maneira que deve querer viver", completa. Mas a atriz pondera que não se vê sendo uma Lia dos dias atuais. "Não me imagino numa relação assim. Acho que teria que me conquistar. Acho que é algo que acontece e não algo que você pensa e tem (risos)", frisa. "Só desse jeito que eu toparia um relacionamento assim. Uma coisa já forçada pelo meu pai, me fazendo casar, é uma forma de humilhação que Lia e até Raquel tiveram que passar", afirma.
Assim como ocorreu em "O Rico e Lázaro", Bruna e Graziela vivem irmãs. Se na trama protagonizada por Dudu Azevedo e Igor Rickli, as jovens tinham uma boa relação, em "Lia" o inverso ocorre. Mesmo assim, a gaúcha acredita que Raquel não sente inveja da irmã. "Acredito que ela tem sim um afeto pela irmã, não sente nem inveja de Lia, mas um desprezo cultuado por toda a família", apontou Bruna, que será uma das 100 juradas do programa "Canta Comigo" de Gugu Liberato, cuja estreia foi confirmada para o próximo dia 18. Antes de chegar na TV, onde já mostrou sua vocação para a música, cantando em hebraico, Bruna esteve em musicais como "Os Dez Mandamentos", na qual viveu a princesa Nefertari. Na telinha, o papel coube a Camila Rodrigues, que precisou raspar a cabeça.
(Por Guilherme Guidorizzi)