Com trama forte e melodramática, o primeiro capítulo da novela "Império" apresentou a nova novela das nove da TV Globo nessa segunda-feira (21). A história de amor proibido - nos moldes folhetinescos, conforme prometido por Aguinaldo Silva -, já começa densa e com personagens consistentes. As grandes atuações do elenco foram o destaque, principalmente a de Marjorie Estiano que brilhou na pele de Cora, a grande vilã da primeira fase da trama.
Em oposição à sua predecessora, "Império" traz uma dinamização no ritmo da narrativa e propõe um mergulho no obscuro universo do anti-herói José Alfredo, que foi muito bem apresentado por Alexandre Nero nas primeiras cenas, e sustentado com louvor por Chay Suede. Estreante no horário nobre da Globo, o jovem ator mostrou um bom trabalho, conduzido com a ajuda de uma também boa direção e da dramaturgia, é claro.
O capítulo foi permeado por muita tensão e sentimentos confusos, que foram tomando forma com o decorrer das cenas. Em contraponto a isso, a leveza das sequências do amor genuíno (e quase impossível) de Eliane (Vanessa Giácomo) e Zé Alfredo contribuiu para prender o telespectador na história. O primeiro beijo do casal provoca um arrebatamento, nos faz torcer por eles, mesmo com a perspectiva clara de que não haverá um final feliz ali.
Autor de quatro das 10 novelas de maior audiência no horário, Aguinaldo sabe bem como contar uma história, além construir personagens de fácil identificação do público. Só esse ponto de partida já é meio caminho andado para o sucesso de uma trama. Adicione a isso os cortes bem feitos, ótimas escolhas da direção, o elenco da qualidade, uma boa trilha sonora e pronto: o resultado será positivo e de grande impacto.
Alguns elementos foram muito criativamente usados, como sutis referências a "Macbeth", de Shakespeare, aqui e ali. Aos olhos atentos não passou despercebido e estavam presentes tanto no texto como na direção. E esse é um bom caminho, o da subjetividade. Se continuar assim, teremos de fato um novelão.
Contudo, o que mais salta aos olhos nesse primeiro momento é o primor das atuações. Tanto Vanessa Giácomo como Thiago Martins, além dos dois protagonistas, se mostraram talentosos e inspirados em cena. Bem como os veteranos Reginaldo Faria e Regina Duarte. Mas talvez por ser a vilã, e este tipo de papel geralmente afetar mais o público (para o bem ou para o mal, dependendo da catarse de cada um), Marjorie foi a estrela maior. Segura e com o domínio total da personagem, tão sórdida e cruel, ela já crava um ótimo fundamento para o trabalho de Drica Moraes, que assume Cora na segunda fase.
Mesmo evitando comparações, é quase impossível não criar expectativas em relação à possibilidade de termos uma antagonista tão marcante quando Nazaré Tedesco (Renata Sorrah), de "Senhora do Destino". Tomara!
(Por Samyta Nunes)