A influenciadora e assistente do "Domingo Legal" Luana Andrade morreu aos 29 anos por complicações de uma lipoaspiração no joelho. Segundo pessoas próximas à jovem, o motivo que a fez procurar o procedimento estético (entenda aqui mais sobre essa cirurgia) foi o diagnóstico de lipedema.
O lipedema é uma doença caracterizada pelo acúmulo de tecido gorduroso com aumento desproporcional no tamanho dos membros. "Ela afeta principalmente áreas como coxas, culotes, quadris e pernas, mas, eventualmente, pode atingir também os braços, porém, com menos frequência. Além disso, o lipedema é sempre simétrico", aponta a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
O médica ainda indica que, muitas vezes, a paciente com lipedema passa a vida como uma "falsa magra". "Isto é, magra da cintura para cima, mas com pernas grossas. Muitas vezes, acredita que esse é o padrão de corpo familiar, já que o lipedema realmente pode afetar várias mulheres da família, então não pensa que pode ser um problema", afirma.
"Como até pouco tempo o lipedema não era considerado uma doença, a literatura científica sobre seus mecanismos ainda é muita escassa. Dessa forma, a própria comunidade médica ainda está tomando consciência sobre a doença e se capacitando para o tratamento", explica a cirurgiã vascular.
Além da percepção visual do depósito maior de gordura nas regiões do corpo já citadas, é comum que a paciente perceba cansaço acima da média, inchaço e dor ao toque.
"Não é incomum que a portadora de lipedema estranhe ao se submeter a uma drenagem linfática ou massagem relaxante, já que experiência, que deveria ser agradável, geralmente é acompanhada de dor e sensibilidade ao toque", afirma a especialista, que ainda destaca aumento da frequência de hematomas espontâneos e maior tendência ao acúmulo de líquido como outros sintomas da doença.
A cirurgiã vascular aponta que, segundo as estimativas, 10% das mulheres sofra com o problema. "Além disso, é uma doença genética e comumente atinge várias pessoas da mesma família", diz a médica.
Ela ainda revela que existe uma forte correlação entre distúrbios hormonais e o avanço da doença. "Por isso, observamos picos de piora e manifestação da doença em períodos hormonais: puberdade, uso de anticoncepcionais, gestação e menopausa", detalha Dra. Aline Lamaita.
A cirurgiã explica que o lipedema é uma doença que requer tratamento multidisciplinar. "É necessário que o médico se dedique a estudar o problema e entenda as várias áreas de conhecimento necessárias para direcionar as pacientes de maneira adequada", diz a especialista.
Apesar de ser uma doença crônica, isto é, sem cura, o lipedema pode ser controlado quando devidamente abordado. "Um bom tratamento de lipedema começa pelo cirurgião vascular, mas o acompanhamento com nutricionista, fisioterapeuta e, eventualmente, ortopedistas e cirurgiões plásticos também é fundamental", diz a Dra. Aline Lamaita.
Mudanças no estilo de vida, como a adoção de uma alimentação anti-inflamatória e prática regular de atividade física são estratégias importantes para controlar a evolução do lipedema. "Mas outras medidas devem ser adotadas, como uso de meias de compressão e medicamentos e até mesmo a realização de procedimentos cirúrgicos para a retirada do tecido gorduroso doente, como a lipoaspiração", finaliza.