É uma comédia romântica ou um suspense policial? A pergunta das chamadas da novela "Pega Pega" já foi respondida no primeiro capítulo da trama de Cláudia Souto: é na verdade uma mistura dos dois. Uma comédia policial. E fazendo jus à promessa, tudo começa com um roubo, não o dos 40 milhões da venda do Carioca Palace, mas um roubo com direito a perseguição no Roxy, um tradicional cinema de Copacabana. Com trilha digna das telonas para criar o clima, o novo folhetim das sete mostrou a cara disse a que veio já na primeira cena de um capítulo delicioso até o fim. E surpreendente!
Cena de ação com uma policial que mais parece super-heroína, pulando da marquise do cinema para o teto de um ônibus parado no trânsito de Copacabana, atrás do ladrão. Um grande hotel em funcionamento e seu dono playboy, carismático, com óculos estilosos. Uma assessora engraçada e má, e sua paixão platônica pelo empresário viúvo. Uma história de amor à primeira vista em Foz do Iguaçu. Adolescente em fuga. Perseguição de carro. Ópera, IML, helicóptero, beijo apaixonado, fofoca e plano de um crime milionário. Tudo isso, e quem roubou a cena foi um canguru animado. Quando a peça perdida do teatro de bonecos apareceu pulando para Bebeth (Valentina Herszage), as perguntas começaram a pipocar na cabeça: "oi?", "mas como?", "pode isso, Arnaldo?", "coelho da Alice, é você?". Precisamos entender... Parabéns equipe, fomos fisgados.
Além dos elementos cinematográficos da cena inicial, outras foram surgindo ao longo do capítulo. Impossível não lembrar do filme "O Grande Hotel Budapeste", de 2013, em que o gerente de um famoso hotel europeu e seu um outro jovem funcionário se envolvem no roubo de um quadro de valor inestimável. Há referências também na vinheta de abertura e no núcleo do Carioca Palace, claro, pela similaridade das situações. Além disso, a caracterização de Bebeth lembra Coraline, a protagonista de um longa de animação, que descobre um mundo secreto em sua nova casa. Por último e não menos importante, no finzinho do capítulo, a projeção do plano de Malagueta (Marcelo Serrado) explora bastante a estética do cinema, tomara que venham mais momentos como esse.
Primeiro capítulo bom, pra quem é noveleiro, é aquele que deixa a gente com vontade de ver mais, que leva o telespectador para dentro da trama. E foi isso que Luiz Henrique Rios fez em sua direção, conduzindo as apresentações dos personagens e núcleos de maneira natural, costurando bem as cenas. Começar com o cenário natural deslumbrante que é Foz do Iguaçu foi um acerto. A moldura perfeita para o começo de um romance tão doce como é o Luiza (Camila Queiroz) e Eric (Mateus Solano). Camila está cariocando bem no sotaque da personagem, mas é claro que ainda pode e vai melhorar à medida que a trama for avançando e o dia a dia de gravação for trazendo o costume e naturalidade dos chiados e dos erres.
Antes de terminar, é importante destacar que a nova novela das sete chega no embalo de sua predecessora, Rock Story, no que se refere à qualidade da trilha sonora. Ótima a versão do Skank para 'A Hard Day's Night' como tema de abertura, e palmas para a escolha de "Dengo", do duo Anavitória, "Essa Mina é Louca", da Anitta, como tema de Sandra Helena (Nanda Costa). É preciso dizer também que o timing de humor da novela já mostrou que funciona desde a estreia, arrancando gargalhadas em diversos momentos. Não só por isso, mas também pelas atuações, o texto, a fotografia, direção de arte e de atores, o saldo é positivo e "Pega Pega" indica ser uma trama com grande potencial para ser sucesso.
Para saber mais sobre a trama e os personagens confira nosso quem é quem.
(Por Samyta Nunes)