A novela "Amor Perfeito" exibe seu primeiro capítulo no dia 20 de março na faixa das seis, substituindo "Mar do Sertão". Inspirada livremente no livro "Marcelino Pão e Vinho", de José María Sánchez Silva, lançado em 1953 e que gerou um filme dois anos depois, a trama de Duca Rachid e Juhlio Fiscer apresenta pontos importantes diferentes na comparação com a obra do espanhol.
Tanto no livro como no filme, Marcelino (Levi Asaf) não tem mãe, que ganha vida na novela através de Marê (Camila Queiroz), a sofrida mocinha abandonada grávida pelo namorado, Orlando (Diogo Almeida), e que descobre a gravidez na cadeia. A protagonista vai presa após uma armação da madrasta, Gilda (Mariana Ximenes), que a incrimina pelo assassinato de Leonel (Paulo Gorgulho), pai de Marê.
Em conversa com a imprensa, Duca explicou que a escolha por "Marcelino Pão e Vinho" tem uma razão "puramente afetiva". "Foi o primeiro filme que eu vi no cinema, com a minha avó, que era uma imigrante portuguesa, analfabeta e que nunca tinha ido ao cinema, e com quem tinha uma relação muito forte. Isso me marcou muito!", afirma a autora.
"Eu li o livro quando tinha 7, 8 anos e depois reli, enxergando um potencial dramatúrgico da busca desse filho pela mãe", completa Duca, acrescentando ter há 20 anos a ideia de levar para o mundo das novelas a história de Marcelino, criado em uma irmandade, onde recebe os cuidados de freis e padres.
A autora conta ainda que detalhes não presentes no livro vão ser encontrados na novela. "Resolvemos manter muita coisa do livro como o encontro de Marcelino com Jesus (Jorge Florêncio), porém teve uma história que tivemos que construir. Esse entrecho novelesco que é a história da mãe, fizemos todo esse lado", prossegue Duca.
"E fizemos um Marcelino negro justamente para recuperar a inteligência e a comunidade negras, que ficaram apagadas pela história. Foi, então, uma escolha afetiva", finaliza. Julio Fischer reforça a fala de Duca: "Vamos colocar a mãe do Marcelino, o universo que ronda essa mãe, criar uma trama de folhetim em cima dessa história"
"No livro, ele (Marcelino) sabe que a mãe morreu, os freis falam isso para ele. E decidimos não ir por aí. Colocamos uma mãe viva, que procura esse menino. Achamos que seria interessante ao invés de um convento franciscano termos uma irmandade que acolhesse religiosos de várias ordens... E foi assim", detalha o autor.