No dia em que se completa um mês do seu assassinato, Rafael Miguel completaria 23 anos. Conhecido por um comercial de TV no qual pedia brócolis para a mãe em supermercado, o ator foi assassinado ao lado dos pais pelo pai de sua namorada, Isabela Tibcherani, o comerciante Paulo Curpertino Matias, que segue foragido. Nas redes sociais, a irmã e Isabela homenagearam Rafael, que atuou ainda em novelas como "Pé na Jaca" e na segunda versão de "Chiquititas". "Feliz aniversário, meu amor", escreveu a jovem ao postar foto do namorado ainda criança em uma comemoração. "Festa no céu. Aqui ainda dói para nós, mas fazemos de tudo para te orgulhar. Eu te amo", completou ela, dona de uma tatuagem em homenagem ao rapaz. Dias após o assassinato do namorado, Isabela pediu medida protetiva contra o pai.
Rafael também foi lembrado pela irmã, Camilla Miguel, que já relatou viver um pesadelo por conta do assassinato dos ator e seus pais. "O dia era para ser de festa e alegria, como todo dia 9 de julho. Um mês que não nos falamos. Não sei como me mantive em pé nesse mês, quem dirá quando penso em toda nossa vida adiante sem vocês", lamentou. "Ainda parece mentira, ainda é um choque a cada manhã quando acordo e lembro. A dir e a saudade são eternas, mas mais ainda é o nosso amor e união", completou Camilla postando foto dos pais e do irmão, que tentou impedir a mãe de ser assassinada.
Camilla, que já havia lamentado a falta do pai no último dia 2, quando ele completaria aniversário, fez um longo texto no seu feed para recordar o irmão, postando várias fotos em família. "Dia 9 de julho sempre foi dia de festa em casa. É seu dia, Rafa, e a gente aproveitava o feriado pra comemorar a sua vida e a do pai, com churrasco (com o melhor churrasqueiro) e bolo (da mais mão cheia). Por mais que eu queira, do fundo da minha alma, celebrar de alguma forma quem vocês foram, e esse dia que sempre foi especial e cheio de alegria para gente, ainda dói demais. Uma dor tão absurda que chega a ser física, mas mesmo assim, tento trazer um pouco de normalidade para os nossos dias. Me permitindo levantar, sorrir, sonhar, e transformar aos poucos as nossas lembranças em memórias boas, porque era quem vocês todos eram: bons e justos. É nisso que tento me apegar", iniciou.
Em outro momento, a jovem voltou a lembrar os 30 dias do triplo assassinato. "Dói porque faz um mês desde que nos falamos pela última vez, nosso bom dia diário com sessão de baba pela Mariá. Faz um mês dos dias mais escuros que vivi, e que ainda parecem mentira. Um mês não se compara há uma vida de saudades e superação que vamos viver", lamentou. "Rafa, nosso canceriano mais canceriano de todos. Você tinha um coração tão bom, era doce, respeitoso, sentimental. Era meu amigo, com quem dividi toda a minha infância, toda a primeira metade da minha vida fomos nós dois. E o vazio de não ter com quem relembrar tanto que vivemos dentro da nossa casa, no nosso dia a dia, é gigante. Nossa família era tudo para você, e nunca deixou de demonstrar isso como sendo seus protegidos, sua prioridade", continuou. "Amava de uma forma genuína que lhe dava coragem, onde muitos teriam desistido, você ficou para ajudar e acolher. Você vivia me dizendo o quanto sentia orgulho de mim, pela maturidade que desenvolvi, pela independência que conquistei, sonhos que realizei, pelo que vinha construindo, mas deixa eu te dizer: orgulho eu sempre tive e tenho de você. De irmãozinho que causava na minha para irmão parceiro e consciente", completou.
Camilla recordou ainda alguns momentos ao lado do irmão. "Para sempre em mim nossa infância de banho na bacia nas férias, brincar de lavar carrinhos, brincar de correr atrás do Bob, fingir que o carrinho de supermercado do Makro era um barco e as setas no chão tubarões. Quando você caiu da beliche e estourou o joelho e me contou que tava sonhando que era goleiro, quando fiz você ir no show da banda Cine comigo e subir no palco...", lembrou. "Quando você chorou ouvindo uma música de Psy, quando você deixou eu rabiscar toda sua cara de caneta para fingir que era catapora, quando ganhamos o primeiro Playstation e passávamos o dia jogando 'Tony Halk', drive, 'Aladdin' e 'Teken 3', quando a gente ia com a mãe todo dia buscar o pai no trabalho e ouvíamos top10 da Mix (emissora de rádio) que sempre tocava Linkin Park, quando te levei para o carnaval na Vila Madalena (bairro paulistano) e você sumiu e de repente reapareceu com metade da praça Benedito Calixto te jogando pra cima e gritando 'mãe compra brócolis', quando você me abraçou porque eu chorava demais assistindo 'O Cão e a Raposa' ou quando o pai levou a gente para ver 'Star Wars 3' no cinema viramos viciados. São tantas coisas, que daria um livro do tamanho de um Barsa (enciclopédia). E eu imploro para que a vida nunca me tire essas memórias que sobraram. Te amo, Bigão. Feliz 23 anos", finalizou.
(Por Guilherme Guidorizzi)