Após uma nova passagem de tempo na novela "Gênesis", Giselle Tigre vai assumir o papel de Raquel, que morrerá no parto do segundo filho, Benjamin, o caçula de 13 herdeiros de Jacó (Miguel Coelho/Petrônio Gontijo). A nova personagem da atriz e modelo coincide com a celebração dos seus 35 anos de carreira. E ao Purepeople, Giselle aponta uma transformação em Raquel, agora vivida por Thais Melchior.
"Ela vai mudar completamente, mas não pela maternidade tardia (primeiro com José), mas pela decepção com a própria vida que ela idealizava diferente em todos os sentidos. A Raquel vai mergulhar numa depressão profunda", explica. "A Raquel retratada em 'Gênesis' é uma pessoa muito egoísta e imatura, presa ao desejo de ascensão social, a rancores e traumas de infância", completa.
"Vejo a Thais encarnando muito bem a Raquel nesse perfil", elogia Giselle sobre a atriz, que descartou um lado vilão na irmã da sofrida Lia (Bruna Perdigão/Michelle Batista/Ingra Lyberato), vítima de desprezo do pai na infância. E a artista acrescenta que não chegou a ver as minisséries "José do Egito" (2013) e "Lia" (2017), nas quais parte da história de Jacó e sua numerosa família já foi contada.
E ao refletir sobre o lado estéril de Raquel, Giselle não se vê repetindo atitude de sua personagem, que entregou o marido para uma serva, Bila (Allana Lopes/Patricia França). "É preciso olhar para o contexto do que se considerava, supostamente normal, nesse tipo de atitude na história, onde o sistema era o patriarcal e a função da mulher era basicamente gerar filhos", inicia.
"A mulher estéril perdia seu valor como esposa, então, por isso a Raquel toma essa atitude. Depois a Lia, sua irmã, faz o mesmo. Jacó, o patriarca, acaba gerando uma prole com as duas esposas e as duas concubinas. Acho bem plausível isso ter acontecido em sociedades arcaicas como as primeiras que existiram", avalia.
"Eu vivo numa sociedade com outros valores e estruturas. Se quisesse ter um filho e fosse estéril, optaria pela barriga de aluguel ou solidária por inseminação artificial ou até mesmo caseira. Mas, pensando bem, preferiria adotar", prossegue Giselle.
Com uma carreira marcada por papéis em "Malhação" (2000) e "Amor e Revolução" (SBT, 2011), a artista faz um apanhado das mais de três décadas ligada às artes. "Sou cria do teatro e depois fui pro mundo da moda e depois incorporei a música. Atuo nas três áreas até hoje. Sinto que aproveito bem as oportunidades que surgem e estou sempre em busca de aprender cada vez mais", afirma.
"O artista multifacetado sempre me inspirou. Já escrevi uma peça de teatro e compus minha primeira canção autoral, antes era só intérprete. Não vejo limites no trabalho artístico. Precisamos experimentar e se desafiar. Esse sempre foi o meu objetivo", ensina a mãe de Maria, que herdou a veia artística.
"Eu e meu marido criamos com liberdade e sem pressão. Ela é desenhista como o pai. Sempre foi artística e tudo indica que seguirá com a arte como forte expressão de vida. Ela vê os pais artistas e sabe bem como é. Estou agora produzindo uma canção que ela compôs, letra e música, e me deu de presente para cantar", festeja.
"É sua primeira autoria musical. Em 2020 foi selecionada num concurso literário e seu conto foi publicado em uma coletânea chamada 'Contos da Quarentena'. Ela também não se põe limites", garante.