Na novela "A Terra Prometida", Raabe se aliou a fé para ter sua vida salva pelos hebreus na invasão a Jericó, que matou, entre outros, Merodaque (Marcos Winter). Fora do folhetim da TV Record, sua intérprete, Míriam Freeland, também se define como uma mulher cujas crenças são intensas. "Tenho a minha oração diária, acredito nisso e pratico essa fé. Já tive muitas graças alcançadas. Os meus objetivos são lançados e trabalhados para que se realizem", afirma ao Purepeople.
A atriz adepta do budismo japonês (Nitrien Daishonin) explica o porquê. "Acredito nisso: na fé que você constrói as suas graças. E não só recebe elas como se fosse algo sem esforço e empenho", acrescenta. Miriam nega ter se tornado mais religiosa por causa da novela inspirada na Bíblia. "Mas com certeza falar de fé e de positivismo com a vida só reforça a minha filosofia", completa. A família numerosa é outro ponto em comum entre artista e personagem, a ser vítima de armação de Melquias (Gabriel Gracindo). "Tenho três irmãos, dois filhos, dois enteados e mais de 20 primos. A gente se frequenta muito e gosto demais disso. Então, isso de família grande para mim é totalmente familiar", diz, aos risos.
Atriz aponta diferenças entre amor de Raabe e Jéssica: 'É mais sem cobrança'
Na trama, Raabe disputa o coração de Salmon (Rafael Sardão) com Jéssica (Maytê Piragibe), uma mulher capaz de tudo por amor. Para Miriam, a hebreia sempre exerceu o papel de pivô na relação dos ex-noivos, cuja relação ganhou ponto final por decisão do hebreu. "Ela demonstra essa diferença entre o tipo de amor que as duas exercem. O amor da Raabe é mais puro, sem ciúme e cobrança. Ela entende a função (de espia e guerreiro) dele naquela sociedade", define lembrando que Raabe e Salmon são da linhagem de Jesus.
Ainda na novela, a artista viu sua personagem, uma ex-prostituta, ser presa em gaiola e exposta diante dos reis de Jericó. "Foi uma situação fantasiosa para ilustrar a exposição da mulher e as ocasiões em que ela é tratada como objeto. Aquela cena tinha vários simbolismos logo no momento em que a sociedade tem discutido isso", opina Miriam, que classifica a sociedade como machista e patriarcal.
"De certa maneira, todas acabamos em algum momento vivendo situações machistas ou preconceituosas, que diminuem sua colocação como mulher através de brincadeirinhas bobas, mas que no fundo que falam de machismo ou preconceito. Ainda no século XXI é preciso trabalhar para se ter um lugar simplesmente pelo fato de ser mulher. Nós precisamos olhar, debater, refletir e brigar contra esses episódios", defende a atriz.
'Na novela bíblica não acontece troca de palavras', diz a artista
Em sua primeira novela bíblica e com contrato por obra, Miriam lembra a dificuldade enfrentada no começo do folhetim. "Foi se contextualizar, saber exatamente o que está falando. Tive que buscar referências em textos religiosos para ter um embasamento para saber o que se está falando", explica. "Você precisa, de fato, falar aquelas palavras, mas sem que fique estranho. Na novela contemporânea é um pouco mais livre, com troca de palavras, sinônimos. Mas em trama bíblica isso não acontece", aponta a atriz, escalada para rodar três filmes a partir do final deste ano - entre eles a versão para o cinema de "Detetives do Prédio Azul" - e sem convite formal para estrelar "O Apocalipse", substituta de "O Rico e Lázaro".
Mulher de Roberto Bomtempo, intérprete do Kamir, que irá castigar a filha, Melina (Carla Diaz), Miriam não vê problemas em atuar com o marido. "A gente gosta muito de trabalhar junto. Um aprende bastante com o outro e isso só soma na relação. Não há problema algum. Quando rola algum estresse no trabalho, a gente diz que não quer discutir isso em casa. Nós arrumamos nossas maneiras para não atrapalhar", explica.
Para manter a boa forma, a atriz faz aulas de dança, balé, e recorre, às vezes, a dietas restritivas de glúten e lactose. "Depois dos 30, 35 tem que cuidar. Não tem jeito, mas sempre me cuidei. Tomo suco verde todo dia, mas meu calcanhar de Aquiles é o doce. Gosto muito de doce de leite, leite condensado...", finaliza com bom humor.
(Por Guilherme Guidorizzi)