Em seus últimos capítulos, a novela "O Outro Lado do Paraíso" foi uma grande provação para Marieta Severo. Dando vida à Sophia, a vilã que cometeu muitos assassinatos se tornando uma serial killer e terá um desfecho trágico na história escrita por Walcyr Carrasco, ela pensou em abandonar a carreira de atriz devido às cenas de agressão verbal e física com Estela, personagem interpretada pela atriz com nanismo Juliana Caldas que estreou na televisão na trama das nove.
Marieta Severo, que revelou ter chorado durante o workshop por causa da rejeição da mulher pela filha por sua condição física, disse ao jornal "O Globo" ter levado tempo para entrar no papel e gravar as cenas com mais tranquilidade. "Quando fiz a preparação com a Juliana (Caldas), foi difícil. Aos poucos, com o domínio do personagem, você faz tudo justificado. Para nós, atores, isso é concreto", disse a artista sobre a ambiciosa que não se regenera no fim da trama. "Contavam com a minha experiência para chacoalhar a Juliana. Ela tinha que entrar no mundo doloroso de uma mãe tóxica, que renega e agride. Mas era eu, Marieta. Aí falei: 'Vou largar a profissão, não quero sofrer ou causar sofrimento'. Foi doloroso, matar foi moleza perto disso", declarou Marieta.
A experiência de gravar como Sophia - atualmente vítima de um AVC e recebendo os cuidados de Estela, a quem renegou durante toda a vida, chegando a mandá-la para o exterior e, no Brasil, a escondeu de eventos sociais e a obrigou a se mudar para uma casa afastada em Pedra Santa - vai fazer falta para Marieta Severo. "Gosto de vivê-la na situação da vida dela. Me faz ir para uma zona sombria do ser humano. E o humor negro do texto é um apoio para mim como atriz. Sophia acaba sendo patética, risível", afirmou a atriz, elogiada por Juliana Caldas devido à sua preocupação durante as gravações da novela. Marieta afirmou ter aprendido a lidar com o fim das obras em que trabalha: "Dói. Antes, pensava 'como vou viver?'. Hoje, tô mais cascuda. É uma vida paralela que ocupa muitos espaços nossos, é avassalador. Mas a gente aprende. O tempo não faz só estrago, não. No início da carreira, o rompimento das relações com as pessoas com quem eu trabalhava era dificílimo. Tentava que elas ficassem, mas cada um vai pra sua vida".
(Por Carol Borges)