Em sua estreia nas novelas em "Amor à Vida" (2013), Maria Casadevall foi apontada como namorada de Caio Castro, seu par romântico no folhetim e por quem foi elogiada no Instagram. Em entrevista à revista "Glamour" de setembro, a atriz confessou que ficou incomodada por ficar conhecida por seu envolvimento com galã, com quem trocou declarações na web. Aliás, a artista disse que também reprova ganhar o rótulo de "atriz cabeça": "Qualquer rótulo me incomoda. E o de atriz-cabeça não foi o primeiro. Antes teve o de namoradinha do galã (Caio Castro), namoro que eu nunca assumi. O 'não' em relação a um homem começou de forma orgânica, só depois entendi que era porque eu não queria compactuar jamais com esse pensamento machista de que a minha existência depende de uma relação amorosa masculina. Então, se você me perguntar se estou namorando, não vou responder. Eu e todas as mulheres temos e somos muito mais do que isso.
Na conversa, a atriz ainda relembrou outros rótulos que ganhou durante sua carreira: O segundo rótulo foi o de gay, porque saiu uma foto minha dando um selinho em uma amiga. "O que eu respondi? Que tanto faz, que não importa, porque, de fato, não importa. Depois, caí na caixa da atrizhipster, da atriz-maluca, da atriz-cabeça... Podem até tentar me enquadrar, mas eu não me coloco em caixa alguma. É mais ou menos como aquela música dos Novos Baianos: 'vou mostrando como sou, e vou sendo como posso, jogando meu corpo no mundo, andando por todos os cantos'".
No ar em "Os Dias Eram Assim", Maria revelou que ainda consegue sair nas ruas sem ser reconhecida. Atriz, depois de despistar romance com Renato Góes, ainda garantiu que não se incomoda em ser observada: "A fama nunca foi um objetivo. Nunca refleti sobre essa questão antes de alcançá-la. Eu escrevia e amava isso, mas não queria fazer da escrita um ofício, porque ela era desregrada, amadora para mim. Mas sempre tive uma relação muito familiar com o corpo e sabia que queria me manifestar artisticamente. E ainda tinha a voz, com quem até hoje tenho uma relação de amor e cuidado... O teatro era a solução, e ele aconteceu de forma natural. Sempre fui mais introvertida do que extrovertida. Os olhares não me incomodam, o que me incomoda é o sequestro da minha condição de observadora e da condição de observada. Mas essa não é uma regra. Ainda reconquisto meu lugar do anonimato no centro de São Paulo, por exemplo. Ali eu ando com meu cabelo bagunçado, vou à banca de chinelo e pijama, caminho sem disfarce. E, quer saber? Ninguém me olha".
Maria nunca escondeu seu lado feminista e foi uma das apoiadoras do movimento "Mexeu com Uma, Mexeu Com Todas", conta o assédio sexual. Questionada, a atriz disse em que momento percebeu que lutava a favor do feminismo: "Nunca tive um incentivo político ou intelectual dentro de casa. Na época da ditadura militar, minha mãe, aos 19 anos, lutava contra um câncer seriíssimo. Ela sobreviveu, mas, obviamente, as questões dela eram outras. Ainda jovem, comecei a sentir essa carência intelectual e fui buscar respostas na faculdade e nos livros que devorava. Mas leva tempo até absorver informação e transformá-la em opinião. Em 2013, com as manifestações explodindo nas ruas de São Paulo, essa tomada de consciência política me fez pensar sobre questões que antes eu julgava serem apenas minhas. Me entendi feminista ao compreender que as minhas questões eram questões de outras, quando assimilei que somos treinadas a reproduzir valores de uma sociedade machista e sexista. Tomei gosto pela discussão, por trabalhar o pensamento além da assimilação de dados. É fácil entrar numa bolha de iguais onde se reproduz um mesmo pensamento. O excesso de informação pode acabar desinformando. Por tudo isso, a importância de um trabalho de base, de se inserir em um contexto político e social e, aí sim, entender onde nos encontramos".
(Por Tatiana Mariano)