Malu Mader, intérprete da personagem Rosemere na novela "Sangue Bom", uma garçonete que teve de criar o filho sozinha, falou sobre o desafio de encarnar um papel tão diferente de sua realidade ao site oficial da trama, publicado neste fim de semana.
A artista comentou sobre as qualidades e defeitos de sua personagem: "Algumas personagens, assim como algumas pessoas, despertam em mim e em todos nós, acredito, um olhar mais compreensivo e tolerante. Rosemere é animada, contraditória, trabalha muito e com alegria. Enfrentou, como muitas mulheres, a dificuldade de criar um filho sozinha em um país como o Brasil, e apesar do pavio curto e da vida dura, é cheia de entusiasmo. Quanto aos defeitos, não costumo falar de quem eu gosto em público (risos). Está bem, vamos aos defeitos: ela erra muito, é exageradamente superprotetora com o único filho, é bastante vítima do temperamento descontrolado e impulsivo, mas não se orgulha disso, reconhece os erros. Ela vive fracassando, e é isso o que mais amo nela".
A mulher do músico Tony Bellotto falou a respeito da criação: "Acho que que a inspiração da Helena Gastal (figurinista de Sangue Bom) foi o Almodóvar, sim, e alguns filmes italianos também. Mas nenhuma personagem me inspirou particularmente. A Rosemere da Maria Adelaide e do Vincent me lembra muito mais pessoas que conheci do que personagens. E eu não busquei essas pessoas, essas referências. Lendo os capítulos elas chegaram naturalmente, não foi pesquisa".
Sobre a existência de uma certa sensualidade nos figurinos de Rosemere, Malu Mader declara: "Apesar de amar as roupas da Rosemere, de me sentir muito bem com elas e de achar que a Helena Gastal junto com sua equipe acertou em cheio no meu figurino, parecendo ter lido meu pensamento, não sinto que transparecer sensualidade em cena tem sido meu foco nesse trabalho".
A atriz, que passou por uma cirurgia para retirar um cisto no cerébro em 2005, dispara: "Não me acho guerreira, não. Para guerrear temos que guerrear contra alguém e a vida sempre foi boa para mim, não posso reclamar. Tive uma família muito amorosa e acolhedora, uma casa alegre para onde eu gostava de voltar. Descobri cedo do que gostava, sempre amei meu trabalho e vivi dele. É claro que já tive problemas, mas nada que valesse me chamar de guerreira. Com relação aos problemas de saúde, que são de fato problemas reais e graves, aí é que não me vejo mesmo como guerreira. Problemas de saúde não são privilégio meu, fazem parte da vida, aprendi isso cedo. Tem gente que aprende mais cedo ainda, as pessoas sofrem, passam por todo tipo de problemas, de saúde, de injustiça, de perdas inesperadas... A pergunta a ser feita deve ser: Por que não comigo?".
Questionada se na vida real assume o pael de mãezona, a mãe de João, de 17 anos, e Antonio, de 15, desconversa: "Não sei. Melhor perguntar para os meus filhos. O que posso te dizer é que sou uma mãe feliz com meus filhos, a maternidade sempre foi natural para mim, sem muitos conflitos ou sofrimentos, mesmo nos momentos considerados difíceis".
Se Rosemere é desaforada, Malu conta que busca algo diferente em sua vida: "E esse negócio de não levar desaforo para casa, não estou de forma alguma julgando a Rosemere, até porque a realidade dela é muito diferente da minha, muito mais dura, exige que ela se revolte, que se defenda, e olha que em várias situações ela até que consegue sair com bom humor. É que no meu caso, cada vez mais busco e prezo a delicadeza, a educação, a paciência e principalmente o bom humor. Mas como dizem os Titãs: 'Nem sempre se pode ser Deus'".