Dony De Nuccio se demitiu da Globo, onde apresentava desde agosto de 2017 o "Jornal Hoje" ao substituir Evaristo Costa. O âncora pediu demissão após ser revelado que ele contrariou o código dos jornalistas da emissora carioca por faturar aproximadamente R$ 7 milhões em negociação com um banco. A notícia foi revelada pelo colunista de TV Daniel Castro nesta semana. Ainda segundo a publicação, um outro contrato do banco com o Dony renderia em 3 anos um pouco mais de R$ 60 milhões. "Essa contínua campanha para me destruir e sangrar a qualquer custo não pode prosperar. Não faz bem nem a mim, nem à minha família e nem à emissora. Não é justo com nenhum de nós", afirmou Dony em parte da carta para a cúpula da Globo. Diretor da rede, Ali Kamel respondeu à mensagem e a classificou como "honesta e transparente". O jornalista chegou à emissora em 2011 e em pouco tempo passou a apresentar o "Conta Corrente" e, em seguida, o "Jornal das 10", ambos na GloboNews. Em menos de dois anos na Globo, comandou também de forma temporária o "Jornal Nacional" e o "Fantástico".
Ao lado de Samy Dana, o agora ex-âncora do "JH" montou a produtora "Prime Talk Produções e Assessoria", que prestou serviços a um banco nos últimos dois anos. Em vídeos internos, o jornalista exalta o portfólio do seu cliente e entrevista executivos da instituição. O Código de Ética da Globo impede seus apresentadores de cederam suas imagens sem prévia autorização. Também proíbe os contratados de obterem vantagens pessoais usando os cargos que possuem. A saída de Dony se junta a outras baixas como Alexandre Garcia e William Waack, desligado após se envolver em comentário classificado de racista. Dony De Nuccio, que exaltou Evaristo à época na qual assumiu o "JH", chegou a afirmar ao colunista que em "todo o período em que esteve ligado à empresa jamais atuou na captação de clientes e jamais negociou valores ou discutiu pagamentos" e que suas atividades na empresa citada eram "fruto do meu entendimento de que ao não me envolver em negociações comerciais nem fazer publicidade usando a minha imagem, não infringia norma".
Já na carta enviada para a direção da Globo o jornalista assegurou: "Não tinha conhecimento de que os tipos de serviços prestados pela empresa à qual estava ligado contrariavam normas da Globo. Reitero que minha função não era negociar valores com clientes, mas sim trabalhar na concepção dos projetos e em seu conteúdo". Ele classificou seus serviços prestados como "pontual" e "que pode ser interpretado como assessoria de imprensa", mas ponderou: "Entendo com os olhos de hoje que o escopo dos serviços prestados ultrapassa os limites do que a Globo espera de seus jornalistas. E lamento que, mesmo sem dolo, não tenha percebido isso antes". "Se errei, não foi com dolo, e humildemente peço desculpas", acrescentou. Além disso, ele elogia Sandra Annenberg, sua companheira de bancada e com quem havia pousado nas vésperas de sua estreia no noticiário. "Olho no retrovisor com alegria e satisfação por toda essa caminhada, e sou muito grato a você e à Globo pela oportunidade que me deram de bater asas (...) ocupando alguns dos mais importantes postos do telejornalismo brasileiro. Fico orgulhoso e feliz com o que pudemos construir e criar juntos", destacou.
Diretor de jornalismo da Globo, Ali afirmou que Dony é "absolutamente sincero quando afirma que não agiu com dolo, e esta carta é uma prova eloquente disto" e agradece a colaboração dele. "A Globo, ciente agora de que persistem em algumas dúvidas sobre como agir diante de convites, informou que em breve um comunicado reiterará o que é proibido e o que não é, em detalhes, levando em conta a era digital em que vivemos", afirmou a emissora em comunicado oficial. Nesta quinta-feira (1º), Sandra comandou sozinha o "JH".
(Por Guilherme Guidorizzi)