Jorge Dória morreu às 15h05 desta quarta-feira (6), aos 92 anos, por complicações cardiorrespiratórias e renais no Rio de Janeiro. O ator estava internado há 40 dias no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Barra D'Or, na Zona Oeste da cidade. As informações são da assessoria de imprensa do centro médico.
"Ele foi tudo para mim, eu o amei demais. Ele foi um guerreiro, um cara muito forte, que me ensinou tudo na vida", pontuou Isabel Cristina Gasparin, viúva do ator à colunista Patrícia Kogut, do jornal "O Globo". De acordo com Isabel, o velório será na noite desta quarta-feira (6), no Memorial do Carmo, no Caju, Centro do Rio. A cremação será na quinta-feira (7), às 16h.
Dória deu entrada no hospital no dia 27 de setembro em estado gravíssimo para tratar uma infecção respiratória. Desde então, ele permaneceu internado no CTI respirando com o auxílio de aparelhos e utilizando de medicamentos para controlar a pressão arterial. O artista sofre de problemas crônicos no pulmão. "Ele é muito idoso e tem problemas de pulmão crônico. Fico preocupada porque é a primeira vez que ele é entubado", contou a mulher dele na na época da internação.
Durante o tempo internado ele passou por um período de estabilidade no quadro clínico, mas nesta semana a equipe médica que o atendeu aumentou as doses dos remédios usados para garantir o controle da pressão arterial do ator. Em 2005 ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral causado por uma crise hipertensiva, o que agravou sua saúde e o manteve recluso nos últimos anos.
Histórico
Jorge Pires Ferreira nasceu em 12 de dezembro de 1920 no Rio de Janeiro, no bairro do Maracanã, Zona Norte da cidade. Filho de um oficial de cavalaria do Exército com uma dona de casa, ele teve uma educação rigorosa e formou-se no Colégio Militar. Na década de 40, com pouco mais de 20 anos, após a morte do pai, largou o emprego como funcionário público do Ministério da Fazenda para seguir a carreira artística. A decisão causou desespero na família.
Sua estreia no teatro ocorreu na companhia de Eva Todor e Luís Iglesias, da qual foi integrante por dez anos. O começo no cinema foi em um papel coadjuvante no melodrama "Mãe" (1947), do radialista Teófilo de Barros. Uma de seus papeis mais importantes na tela grande foi o delegado linha-dura em "Assalto ao Trem Pagador" (1962), de Roberto Faria. A atuação lhe rendeu o Prêmio Saci de melhor ator coadjuvante.
O início na TV aconteceu em 1970, na extinta TV Tupi, na novela "E Nós, Aonde Vamos?", da cubana Glória Magadan. Em 1973, transferiu-se para a Globo. Na nova emissora, participou da primeira versão do seriado "A Grande Família". Jorge Dória interpretava o funcionário público Lineu, vivido por Marco Nanini na versão atual.
Sua primeira novela na Globo foi em 1975. Ele era o vigarista Ambrósio de "O Noviço", de Mário Lago. Após o folhetim, o ator foi para a Tupi e, em 1978, voltou à Globo para protagonizar "O Pulo do Gato". Na trama escrita por Bráulio Pedroso, ele interpretou o playboy mulherengo Bubby Mariano.
Em 1989, ele deu vida a um de seus personagens mais lembrados pelo público: o conselheiro Vanoli, de "Que Rei Sou Eu?" (1989), de Cassiano Gabus Mendes. Pela atuação, foi eleito melhor ator pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Após várias participações em novelas e seriados, Dória foi convidado no início dos anos 2000 para integrar o elenco do humorístico "Zorra Total". No programa, viveu um pai machão desgostoso com o filho homossexual. O sucesso fez o bordão "onde foi que eu errei?" cair na boca do povo. Em 2005, afastou-se do programa por problemas de saúde, decorrentes de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
No último dia 27 de setembro, Dória foi hospitalizado no Rio de Janeiro para tratar uma infecção respiratória. No dia 22 de outubro, o quadro piorou. Nesta quarta-feira (06), o ator morreu, aos 92 anos, em decorrência de complicações cardiorrespiratória e renais. Dória era casado com Isabel Cristina Gasparin por 30 anos.