Gloria Pires estreou nos cinemas brasileiros na última sexta-feira (16) com o filme "Flores Raras", vivendo a urbanista Lota de Macedo, idealizadora do Aterro do Flamengo. O longa mostra a história de amor da brasileira com a poetisa americana Elizabeth Bishop, interpretada por Miranda Otto.
Em entrevista ao Globo Filmes, Gloria Pires falou sobre a dificuldade de viver um personagem real no cinema.
"Lota é um personagem importante para a vida do Rio, mas que pouquíssimas pessoas conhecem. Foi um desafio interpretar essa mulher à frente de seu tempo, visionária, que tinha como principal preocupação fazer com que a cultura estivesse viva entre população da cidade. O último projeto dela, que foi o Aterro do Flamengo, cumpre essa missão. Eu tenho que inventar palavras para definir como foi interpretar este personagem fantástico", afirmou a atriz.
Para construir a personagem, Gloria Pires foi buscar documentos e correspondências entre Lota de Macedo e o governador do então estado da Guanabara Carlos Lacerda.
"Ela era muito reservada e não gostava de fotografias, por isso não existem muitas imagens ou registros audiovisuais nas quais eu pudesse me basear. Fui buscar também em um livro americano sobre a Elizabeth Bishop que, consequentemente, traz muitas informações sobre a Lota. A partir dele peguei diversas referências em relação a ela, sobre seu jeito. Foi assim que tive um contato maior com a personalidade da personagem", contou Gloria Pires, que precisou interpretar em inglês pela primeira vez na carreira. "No início, foi um pouco trabalhoso ficar à vontade com ideia de atuar em outro idioma, mas foi tudo muito bom".
O filme traz o relacionamento entre Elizabeth e Lota, mas, segundo Gloria, a homossexualidade não é o principal tema do longa de Bruno Barreto.
"Todo filme que tem cenas de amor e de romance acaba atraindo um interesse especial das pessoas. Sendo a relação homossexual esse interesse cresce. A gente sabe que até hoje os homossexuais são perseguidos e naquela época mais ainda, por conta disso acredito que as duas buscavam essa vida mais afastada do meio social. A questão da homossexualidade está ali, mas o mais importante é conhecer a história dessa carioca e dessa americana", finalizou.