O termo “nepobaby” surgiu entre entusiastas da cultura pop americana para identificar jovens que conseguiram sucesso nas carreiras com ajuda da influência dos pais famosos. No Brasil, a dupla Sandy & Junior, filhos de Xororó, e a atriz Fernanda Torres, filha da lendária Fernanda Montenegro, podem ser classificados como os exemplos mais prósperos.
Mas nem mesmo o mais profundo estudioso americano do fenômeno dos “nepobabies” poderia prever a ascensão de Arthur Urach ao estrelato. Filho da personalidade da mídia mais controversa - e interessante! - dos anos 2010, Andressa Urach, ele ganhou fama aos 18 anos após firmar uma parceria profissional com a mãe. Recém-saída da igreja evangélica, ela virou atriz pornô e escalou o primogênito como cameraman.
Foram as lentes de Arthur que registraram o primeiro pornô de Urach com um homem com nanismo e, mais recentemente, a gravação da modelo com oito homens. A parceria profissional ganhou repercussão mundial e, em agosto deste ano, foi apresentada no The New York Post, um dos tabloides americanos mais famosos. “Minha mãe é uma modelo do OnlyFans e eu gravo todas as cenas dela - Eu trato isso como um trabalho normal”, dizia a manchete.
Agora, Arthur sai dos bastidores e lança o próprio perfil na plataforma Privacy, onde Andressa já arrecadou mais de R$ 6,5 milhões - e deu 10% do faturamento para o filho.
O Purepeople entrevistou Arthur e conversou com o jovem sobre a estreia no conteúdo adulto, a relação polêmica com a mãe, dinheiro e os planos para o futuro. Confira, a seguir, este bate-papo e conheça mais a fundo o “nepobaby” mais polêmico do Brasil.
Purepeople: Vamos começar falando da sua entrada na Privacy. Como surgiu essa vontade? O que te fez topar essa empreitada?
Arthur Urach: Quem me fez, teoricamente… Teoricamente, não! Quem me fez entrar nessa empreitada foi a Andressa. Ela já veio me pedindo há um bom tempo falando: ‘entra!’. Depois do primeiro milhão que ela fez - em 40 dias, ela já fez o primeiro milhão - ela falou: ‘entra, você vai ganhar muito dinheiro, é bem tranquilo’. Nisso, eu fiquei pensando, pensando… Com o tempo, eu fui aceitando e entrei junto com a minha namorada [Gabi Ayala].
PP: O público interessado em te ver produzindo esse tipo de conteúdo, em suma, é o público masculino. Como você lida com esse assédio do público masculino?
AU: Eu tive esse assédio desde sempre. Como minha mãe tem um público muito grande de homossexuais, eu sempre tive esse tipo de, teoricamente, assédio. Mas o pessoal sempre foi gentil, nunca foi muito invasivo. Então, é muito tranquilo de lidar com relação a isso.
PP: E já deu tempo de receber algum pedido inusitado de assinante na Privacy?
AU: Foto do pé! (risos). Já me pediram foto do pé, da sola do pé mais especificamente.
PP: E mandou?
AU: Ah, por 200 ali, a gente fez (risos).
PP: Nas redes sociais, a gente vê muita gente te cobrando conteúdos de nudez explícita ou até parcerias com outros produtores de conteúdo adulto. Como você lida com essa cobrança de que você produza um conteúdo parecido com o da sua mãe?
AU: É, eu já não vou pra esse lado tão explícito quanto o dela. Mas… Tem que assinar pra poder saber (risos).
PP: Arthur, você até hoje divide opiniões por ser o cameraman da sua mãe nas gravações de conteúdo adulto. Como foi que rolou esse convite? Como se deu, por exemplo, a primeira conversa de vocês sobre essa parceria, que não é uma decisão comum, né? Você concorda com isso?
AU: Sim, com certeza. Não é um fato comum. É ‘beeem’ diferente. Por isso que, querendo ou não, deu o que falar. Rodou o Brasil inteiro e chegou em outros países do mundo. Mas vamos lá, como começou. Eu tinha acabado de chegar dos Estados Unidos. Minha mãe comentou que ela tinha aberto um OnlyFans e ela disse: ‘filho, eu só tô postando foto de lingerie’. Eu falei: ‘tá bom’. Passado um tempo, ela falou: ‘bah, o pessoal já não quer mais só foto de lingerie, quer mais coisas, eu comecei a produzir umas coisinhas’.
Depois de mais um tempo, ela falou: ‘não aguento mais, não consigo mais, já testei todos os ângulos possíveis, no teto, na parede, no chão, tudo que é possível eu já testei, você consegue me ajudar? Tirar umas fotos minhas pra eu postar’. Eu falei que ajudaria e começou só como foto com lingerie. Nada de nudez, nada explícito. Com o tempo, foi natural, ela começou a fazer mais sensual, mais sensual, mais sensual… E chegou à nudez.
Em relação a gravação, foi bem inusitado. A gente começou a gravar do nada. Literalmente: ‘ah, tem uma gravação hoje, com outra pessoa. Vamo fazer? Vamo!’. Foi tipo: ‘nossa, tá bom!’. O que tá dando pra fazer, vamos fazer. Não é algo que eu esperava realmente, mas aconteceu. Também não esperava a repercussão que deu porque eu, sem querer, acabei vazando essa informação. Porque eu pensava que o pessoal já sabia. Olha minha inocência!
Foi num stories que eu acabei revelando isso, porque me perguntaram: ‘é tu que grava tua mãe?’. Eu falei: ‘sim, gente, sou eu que gravo’. Isso rodou o Brasil todo, de uma hora pra outra foi um boom. Eu estava no hospital ainda e já estava saindo notícias.
PP: Ano passado, eu entrevistei uma atriz que gravou com a sua mãe, por consequência, foi filmada por você. Ela disse que você, acima de um câmera, era alguém que estava ali pra proteger a sua mãe. Você se enxerga nessa posição de protetor?
AU: Sim, com certeza, até pra evitar de o pessoal se passar, né? Ela é uma atriz, quer fazer as coisas pra poder ir pra casa logo, terminar e ganhar o dinheiro. Como tem um roteiro, o pessoal se sente muito intimidado comigo, porque eu sou uma pessoa que não fala muito, não sou tão expressivo conversando de uma pessoa pra outra. E com pessoa que eu não conheço, às vezes, eu sou um pouco mais sério que o comum e o pessoal fica tipo… [expressão de susto]. E, às vezes, acabam até brochando. Querendo ou não, é proteção porque na hora da gravação é uma atriz, saindo da gravação, é minha mãe, entendeu?
PP: Muita gente encara a parceria profissional de vocês de forma bem maldosa. Como você lida com isso de ter que se defender dessas críticas?
AU: Ah, eu não me defendo porque eu sei o que faço, tenho minha mente tranquila com relação a isso. Sei que não faço nada com ela, nem nada do tipo. Deixa que falem, porque quanto mais falam, mais dinheiro ela ganha. Consequentemente, mais dinheiro pro meu bolso também.
PP: Inclusive, eu reparei que agora você tem aparecido mais no Instagram da sua mãe nos teasers que ela solta. Já se reverteu em um marketing positivo o fato de você gravá-la? Isso atrai vendas?
AU: Com certeza! Nossa, muita, muita venda. De 50% a 70% das vendas são só por conta desses teasers, é muita venda que atrai. Pra mim, quanto mais, melhor.
PP: Você faz terapia ou tem algum acompanhamento de saúde mental? Porque você parece ser um cara bem tranquilo, que lida muito bem com as críticas, lida perfeitamente bem com a profissão da sua mãe. Como isso é para você internamente?
AU: Eu nunca fiz terapia nem nada do tipo, porque desde sempre, minha mãe esteve no meio do entretenimento. Televisão, sair em notícia o tempo todo. Pra você ter noção, um aniversário meu de quando eu era pequenininho, tinha TV gravando. E eu não sabia porque tinha literalmente uma câmera gigante gravando meu aniversário. Mas era uma notícia que estava saindo dela. Depois daquele momento, eu comecei a compreender que a minha mãe sempre tá na mídia, ela sempre me ensinou desde pequeno a nunca se importar com o que os outros falam.
PP: Você não tem medo de ficar marcado como 'o filho da Andressa Urach que grava a mãe'?
AU: Problema nenhum. Quanto mais falarem, melhor pra nós, mais dinheiro que entra na nossa conta. Eu e ela estamos fazendo nossa aposentadoria pra nunca mais precisar fazer mais nada. É o que importa.
PP: Então, assim como a Andressa, a sua grande meta é a aposentadoria?
AU: Com certeza. A gente já tem muitas empresas também. A Privacy hoje é uma plataforma que nos traz muita renda, mas a gente também já tem outras fontes de renda. A nossa aposentadoria tá quase feita. Eu tô tentando juntar uma parte maior pra poder ter mais rendimento.
PP: E você já tem alguma ideia de investimento pro seu futuro? O que pensa em fazer com esse dinheiro?
AU: O que eu penso é em investir no próprio Brasil. Nesse momento de crise do Brasil, querendo ou não, a bolsa brasileira tá muito barata. Então, ao meu ver, os dividendos estão sendo bem atraentes.
PP: Você também é modelo e DJ. Pensa em investir na carreira artística saindo um pouco, digamos, da sombra da sua mãe?
AU: Hoje, se fosse em questão monetária, eu não precisaria, porque não faz sentido, comparado ao valor que pagam hoje. Mas em relação a hobby, até posso fazer como DJ. De vez em quando eu toco, mais como hobby em si. Como modelo, raramente. Hoje em dia, eu não preciso mais fazer tanta coisa ou me esforçar tanto quanto eu precisaria antes, porque, querendo ou não, a Andressa fez basicamente o caminho todo só pra eu poder andar em cima de pérolas, sem problema nenhum.
PP: Por falar desse lado empresarial, você também é um dos sócios do mercado que a Andressa abriu, que foi uma coisa que repercutiu muito nas redes sociais porque a galera não imagina, né? A Andressa Urach, faturando com a indústria pornô, fundando um mercado. Como vocês tiveram essa ideia?
AU: Hoje em dia, a indústria pornô fatura muita grana. É só ver o faturamento da Privacy no ano passado. É um dinheiro muito grande. Sobre o mercado, ela entrou com metade do investimento, eu entrei com a outra metade. Hoje, a gente tem o mercado como sócios. A gente também tem outras empresas, mas é mais abafado pra gente poder fazer elas crescerem. Eu também tô criando uma assessoria pros criadores de conteúdo adulto, pessoal que tá começando agora e quer uma ajuda sobre como gravar e até em relação a imposto de renda. Poder ajudar o criador de conteúdo que tá começando agora é um prazer porque, no início, ninguém nos ajudou e a gente se fodeu muito.
PP: E até hoje você nunca aceitou convites para gravar outras pessoas.
AU: Mas já me convidaram muito. Tiveram vários criadores de conteúdo que até me ofereceram valor fixo de R$ 8 mil e eu não aceitei, pra você ter noção.
PP: Inclusive, a Elisa Sanches, que é chamada de ‘rainha do pornô’, elogiou muito o seu trabalho.
AU: Porque a gente faz de uma forma que é um roteiro. É bem certinho, bem rápido, pra todo mundo sair com conteúdo dali, sem ter estresse, sem ter aquele ambiente pesado. A gente sempre tenta deixar o mais leve possível. Porque continua sendo pornô e, querendo ou não, pornô ainda mexe com a nossa cabeça. Isso [o roteiro] nos ajuda a fazer de forma mais leve, sem se preocupar tanto.
PP: E como é a rotina de gravação de vocês? Agora, vocês estão de férias, mas normalmente, como é?
AU: A gente pega um mês inteiro. De segunda a sexta, a gente grava sempre, três gravações no dia. Então, sobra muito conteúdo. É como se a gente tivesse trabalhando cinco meses todo dia, só que a gente faz um mês inteiro intensivo, pra poder ficar os outros quatro meses sem precisar fazer basicamente nada e investir nos nossos outros negócios. É uma forma de ter mais tempo com a família, poder ter uma vida mais tranquila. Hoje em dia, o brasileiro quer isso, poder ter o dinheiro dele e aproveitar a família, curtir. A gente adaptou tudo isso pra nossa realidade. Hoje, graças à Privacy, a gente consegue fazer muita coisa.
PP: Que dicas você daria para alguém que quer entrar na Privacy? Além de um bom câmera.
AU: É, bom câmera… E te falar: tem que se esforçar bastante pra criar conteúdo pra chamar atenção, poder sair na mídia, porque é isso aí que realmente vende. Quem não é visto, não é lembrado.
