"Vitória", nova novela da Record, ganhou grande destaque na mídia antes mesmo de estrear. O motivo? Dado Dolabella. O ator, que viveria um dos protagonistas da história, acabou demitido da emissora após se envolver em uma confusão com um produtor durante as gravações do folhetim no Caribe.
O personagem saiu da história e o triângulo amoroso que ele integraria teve que ser reorganizado às pressas. Superada essa confusão inicial, as gravações de "Vitória" continuaram e a novela estreia nesta segunda-feira (02), às 21h15, no lugar de "Pecado Mortal".
O folhetim contará a história de Artur (Bruno Ferrari), um jovem que se vingará do pai que o abandonou aos 12 anos, quando ele ficou deficiente físico após cair de um cavalo. Em conversa com Purepeople, a autora Cristianne Fridman fala sobre a trama e diz o que pensa da data de estreia, às vésperas da Copa do Mundo. "Preferia outra", admite.
Purepeople: Como decidiu que o protagonista seria um cadeirante?
Cristianne Fridman: Um amigo uma vez comentou comigo que no Natal agiam caridosamente com ele por ser portador de deficiência física e, no restante do ano, era bem diferente. Aí prometi que um dia faria uma novela com um vilão cadeirante. O Artur não é vilão, mas comete atos condenáveis.
Purepeople: Alguns protagonistas da TV que fizeram atos condenáveis já foram rejeitados pelo público. O fato dele ser cadeirante pode ajudar a amenizar uma possível rejeição?
CF: Não. Os atos condenáveis do Artur vão estar respaldados na mágoa do menino que caiu do cavalo aos 12 anos e se sentiu rejeitado pelo pai por ter ficado paraplégico. Não é uma má pessoa, apenas um menino magoado.
Purepeople: Pensa em fazer alguma campanha social em cima da deficiência do protagonista?
CF: Não penso, mas, ao colocar o preconceito e o descaso que a sociedade e o governo têm em relação aos portadores de deficiência física, a novela vai contribuir para que a gente tenha um olhar mais cuidadoso para as necessidades deles.
Purepeople: A novela vai estrear às vésperas da Copa do Mundo. Não preferia outra data?
CF: Preferia, sim, mas não acho o fim do mundo. Vai ser bom o telespectador comemorar a vitória do Brasil vendo 'Vitória' na Record, às nove e quinze da noite.
Purepeople: A Record tem a meta de dois dígitos para o setor de dramaturgia, mas 'Pecado Mortal' não conseguiu alcançá-la. Se sente pressionada com isso?
CF: A emissora em nenhum momento me disse que tenho uma meta para alcançar. Estamos trabalhando muito para entregar ao público uma novela que emocione e divirta. Essa é a meta. E quando fazemos um trabalho desta forma é óbvio que esperamos um retorno positivo.
Purepeople: A novela vai abordar temas polêmicos, como neonazismo, trabalho infantil e assédio sexual no trabalho. Esse é um dos trunfos para atrair a audiência?
CF: Não necessariamente. O mais importante é a forma como vai se contar esses temas. Quero uma história que encante e não uma tese sociológica. Os assuntos abordados virão do cotidiano de cada personagem. Tem que ser natural.
Purepeople: O núcleo neonazista será um pouco amenizado por causa do horário?
CF: Será, sim. Mas não vai deixar de expor o preconceito que muitos ainda têm em relação aos negros, homossexuais, nordestinos e pobres. Isso é inaceitável.
Purepeople: Mas amenizar um tema tão forte como esse não faz o assunto perder força? Glória Perez, por exemplo, foi criticada por isso em 'Salve Jorge' ao citar o tráfico humano.
CF: A violência explícita será, sim, amenizada. Já o conteúdo e o preconceito não serão amenizados. Ao contrário.
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(Por Anderson Dezan)