Quem vê a atriz Valéria Barcellos brilhar como Luana em 'Terra e Paixão ' sequer imagina que sua história é regada de muita dor e sofrimento. Vivendo uma das garotas de programa no bar da falecida Cândida (Susana Vieira ), que agora é comandado por Berenice (Thati Lopes), a atriz, que é uma mulher trans, abriu o jogo sobre todas suas cicatrizes.
Em uma entrevista reveladora ao jornal Extra, a multiartista revelou que já teve experiências com fotografia, performances, literatura e música, mas que as telinhas ocupam um lugar especial em seu coração. Para chegar até o horário nobre da Globo, seu caminho foi repleto de percalços, que incluíram a expulsão de casa quando jovem.
"O meu pai genético deixou a minha mãe quando soube que ela estava grávida, mas eu o conheci aos 8 anos [...] Aos 17, eu tentei reencontrá-lo, mas ele morreu no mesmo dia. Já com o meu pai de adoção, eu tenho uma relação cordial, nada além disso. Ele mora em Santo Ângelo com a nova esposa. Me colocou para fora de casa", desabafou.
Sua jornada como mulher trans também foi marcada por muita violência, uma vez que Valéria Barcellos chegou a ser vítima de um esfaqueamento: "Eu já fui esfaqueada por uma pessoa na rua porque eu estava caminhando, em Porto Alegre, em 2015. É uma luta diária para sobreviver, até com a gente mesmo. Às vezes, desistimos de ir aos lugares, repensamos sair de casa porque sabemos que vai ter alguma violência", disse a atriz de 'Terra e Paixão'.
A jornada da Luana de 'Terra e Paixão' também contou com um grave problema de saúde: um câncer, que a afastou do trabalho entre 2019 e 2020 e acabou colocando sua vida financeira em apuros.
"Foram cerca de dois anos de tratamento, foi bem difícil, agressivo. Perdi o cabelo, não conseguia comer, tive enjoo, todas aquelas coisas horrorosas. E, no meio disso, tinha que trabalhar, porque os boletos não paravam de chegar", desabafou.
Apesar de todas suas batalhas ao longo da vida, Valéria Barcellos se mostrou muito grata por estar fazendo parte do elenco de 'Terra e Paixão' e destacou que a novela mudou sua vida, além da felicidade de representar milhões de mulheres trans em horário nobre da Globo.
"Saí de Porto Alegre e hoje estou morando no Rio, com uma das vistas mais lindas dessa cidade, na Barra da Tijuca, de frente para o mar [...] Fico me perguntando se alguém vai me dizer que é pegadinha. É curioso como eu sempre achei que este era um lugar que não me pertencia", exclamou.