Com 65 anos de carreira e 88 de vida, Elza Soares aprovou o musical "Elza" em sua homenagem. O espetáculo teve sessão para convidados no Teatro Riachuelo, no Centro do Rio, nesta segunda-feira (23), e contou com a presença da cantora, que enfrentou problema durante voo para Nova York no ano passado. "Me esbaldei, chorei, voltei ao passado. Estou muito feliz. A peça está muito fiel à minha história", vibra a artista em conversa com o Purepeople. "Vi minha mãe, meu pai, minha família toda. Meus filhos, meus netos. Coisa que a gente sonha criança, mas não sabe direito. Na vida de criança pobre não se tem muitos sonhos. Quando acontece é um susto", acrescenta a veterana.
O musical com texto de Vinícius Calderoni, direção de Duda Maia e músicas a cargo de Pedro Luís, "Elza" tem sete atrizes e cantoras se revezando no papel-título e não deixa de fora o casamento da artista com Garrincha, ídolo da Seleção brasileira morto em 1983, nem a morte do filho do casal três anos mais tarde. O espetáculo aborda ainda a violência contra a mulher e destaca a importância de outras mulheres negras como a vereadora Marielle Franco, assassinada em março com quatro tiros na cabeça. E Elza exalta o empoderamento da mulher nos dias atuais. "Acho que tivemos uma mudança, e depois de 'A Mulher do Fim do Mundo' (disco lançado por ela em 2015), as mulheres se sentiram mais respeitadas. Acredito que participo de um momento em que as mulheres podem falar, que elas têm voz, e isso é uma coisa muito importante", frisa. "Estou aqui representando as mulheres, então estou sempre me produzindo de forma especial. Me apresento toda hora não é só um dia", acrescenta a artista já homenageada um documentário em 2014.
Quem também conferiu a sessão foi Cris Vianna, prestes a voltar ao ar na próxima novela das sete, "O Tempo Não Para", cuja trama gira em torno de uma família descongelada após mais de 100 anos. "É um espetáculo maravilhoso. O elenco inteiro é de mulheres talentosíssimas, algumas são minhas amigas, mas independente disso são artistas incríveis. Acredito que esse musical pode viajar o mundo, não só o Brasil. Elza é uma das maiores artistas que a gente tem. É uma história de vida linda, forte, com uma representatividade grande", elogiou a atriz, já vítima de preconceito racial.
(Com apuração de Patrick Monteiro e texto de Guilherme Guidorizzi)