Foi depois de perder uma amiga, vítima de bala perdida no Complexo da Maré, que a vereadora Marielle Franco (PSOL) deu início a sua militância pelos direitos humanos. Na noite desta quarta-feira (14), no entanto, a ativista de 38 anos foi silenciada. Ela voltava do encontro "Jovens negras movendo as estruturas", na Lapa, quando foi assassinada com 4 tiros na cabeça, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio de Janeiro. O motorista do veículo em que ela estava também foi atingido por pelo menos três tiros nas costas e não resistiu. Apesar da imensa tragédia, a luta a qual Marielle tanto se dedicou em vida persiste. Saiba mais sobre essa mulher inspiradora!
Cria da favela da Maré, como ela mesma definia, e mãe aos 19 anos, Marielle se formou socióloga na PUC-Rio, com o apoio de uma bolsa integral, e virou mestre em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Sua dissertação teve como tema "UPP: a redução da favela a três letras". Em 2016, ela se elegeu vereadora com o expressivo resultado de 46.502 votos – se tornando a quinta mais bem votada da cidade.
Em apenas 1 ano e 3 meses como vereadora do Rio, Marielle apresentou 116 proposições na Câmara, sendo dessas 16 projetos de lei. A vereadora também levantava a bandeira do feminismo e tinha um expressivo trabalho a favor dos direitos humanos e das minorias: ela presidia a Comissão de Defesa da Mulher na Câmara e havia coordenado a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo.
A coragem guiava Marielle Franco em sua luta. Quatro dias antes de ser assassinada, a vereadora denunciou a truculência dos policiais do 41º BPM, de Acari, considerado o mais letal do estado, nas redes sociais. "Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana, dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior", escreveu ela no Facebook.
(Por Vanessa Leme)