Vladimir Brichta , que tem uma relação pouco conhecida com a ditadura brasileira, interpreta o polêmico Tomás em 'Pedaço de Mim', melodrama inédito da Netflix. Na trama, o advogado beira a vilania com atitudes controversas, machistas e para lá de duvidosas. Em entrevista ao portal 'Hugo Gloss', divulgada nesta sexta-feira (12), o artista comentou sobre a preparação para o papel e as dificuldades encontradas no caminho!
*O texto a seguir contém spoilers
A narrativa gira em torno de Liana (Juliana Paes), uma mulher sonhadora e apaixonada pelo marido, Tomás (Vladimir Brichta), mas que vê sua vida se transformar em um grande drama ao engravidar de um filho dele e de Oscar (Felipe Abib) - que a estupra - ao mesmo tempo. Graças à um fenômeno científico chamado superfecundação heteroparental, ela precisa lidar com o julgamento alheio e com a misoginia ao seu redor.
Tomás é um dos personagens que mais a critica e não aceita o filho biológico de Oscar, Marcos. Inicialmente, ele chega a incentivar o aborto de somente um dos fetos, mas quando vê que não é possível, decide dar carinho apenas ao pequeno Mateus. De forma insensível e revoltante, o advogado escancara a diferença no tratamento com os irmãos. Ao longo dos capítulos, vamos percebendo a transformação de um homem inseguro e machista em um fanático religioso cada vez mais violento e perturbador.
"Acho que o Tomás é um personagem muito complexo. Ele tem uma coisa machista, posso dizer, muito forte nele. Cara, foi muito difícil [entrar no personagem]. Foi difícil. Eu entendi, ele é uma figura machista, uma figura mimada, uma figura cheia de privilégios. Um homem rico, branco, heterossexual, sudestino. É o cara que tá tendo o privilégio do que a gente conhece aqui no Brasil. E pra ele é muito difícil, portanto, se colocar no lugar do outro, o cara é muito egoísta. Isso eu entendi e não me parecia difícil dar conta dessa faceta desse personagem", avaliou ele ao veículo.
"Eu tinha uma dificuldade em uma coisa que eu não vou poder falar agora, [...] mas assim, tendo alguns desdobramentos do personagem que foram difíceis de eu compreender, de eu me convencer de que aquele era um caminho lógico para ele, não para mim. Talvez eu tenha tido dificuldade, porque no fundo a gente fica buscando a nossa lógica. Mas eu, de fato, tive uma certa dificuldade", continuou.
Embora tenha escolhido fazer suspense sobre o que lhe 'tirou do eixo' na trama, Vladimir admitiu ter feito algo que há muito tempo não fazia: conversou com um terapeuta sobre a complexidade de seu papel. "Fiz uma coisa que eu não costumo fazer, levei pra terapia. Ele [o terapeuta] me deu um calhamaço, rapaz, de matéria, de pesquisas e estudos psicológicos, de personagens que passam por coisas parecidas, inclusive em inglês. O que foi bom, porque eu exercitei meu inglês. Mas foi ótimo. Porque de fato eu falei: 'Tá bom, é possível'. As situações... Precisa ter algum tipo de trauma nesse sentido", concluiu.
