Quantas amigas você tem? Já achou que era rival de alguma mulher? Com palavras como empoderamento e sororidade cada vez mais em voga no cenário atual, a importância de estimular amizades femininas se faz mais presente. Por isso, no Dia do Amigo, comemorado nesta sexta-feira (19), o Purepeople conversa com mulheres engajadas no feminismo para te inspirar e incentivar a fortalecer esses laços tão importantes. "Desde pequenas, as mulheres são muito incentivadas a essa questão da rivalidade feminina, a ver a outra não como uma companheira, uma amiga, mas como uma rival. Sempre foi ensinado para gente que, como a mulher sempre esteve em desvantagem ao homem, sempre só teria uma espaço para uma e não para todas nós. Crescemos ouvindo que a outra ganhasse, não ia ter espaço para nós. E isso não pode estar mais longe da verdade", opina Vicky Régia, editora da Capitolina e coautora dos livros "Capitolina - O poder das Garotas" e "Capitolina - O mundo é das garotas".
Outro passo para fortalecer os laços com mulheres ao redor é aceitar a diversidade de personalidades e corpos, que vem se refletindo até nas passarelas. Então, que tal tentar se comparar menos e valorizar o que você e outras mulheres têm de melhor e único? "Ficar se comparando com outras meninas é uma forma de tentar se sentir superior quando, na verdade, a gente se sente é completamente perdida, sem autoconfiança. Isso é prejudicial pra todas as mulheres. Fazendo essas comparações e esses julgamentos uma sobre as outras, a gente se coloca pra baixo e coloca as outras pra baixo. No fundo, todo mundo sai perdendo. Falar mal da coleguinha por causa da roupa dela, do jeito que ela fala ou qualquer coisa do tipo não vai te fazer uma pessoa melhor ou mais segura – muito pelo contrário", pondera Bruna de Lara, dona da página "Livre de Abuso", ex-integrante do coletivo "Não me Kahlo" e coautora de"#MeuAmigoSecreto: feminismo além das redes".
A prática de se colocar no lugar de outra mulher para tentar entender suas perspectivas também é fundamental. "Só nós, mulheres, sabemos o que é passar por certas situações, como os assédios na rua, no trabalho e na escola; a constante interrupção dos homens quando tentamos falar sobre alguma coisa que nos diz respeito ou sobre política; a violência que sofremos em relacionamentos íntimos; as dificuldades de viver plenamente nossa sexualidade, segundo nossos desejos, em uma sociedade que nos divide entre santas e putas. Apoiem umas às outras. Às vezes um pequeno "eu já passei por isso, tudo bem se sentir assim, você não está sozinha" já faz uma diferença enorme da vida de uma mulher que está passando por dificuldades", diz Bruna. Vicky acrescenta ainda a importância de levar a questão para a infância e a adolescência. "Converso muito em escolas, com ensino fundamental e médio e trago essas questões através de palestras, estimular as adolescentes a entenderem esse mundo ainda desigual para mulheres, pessoas negras e LGBT, mas que ainda tem solução. E estimular essa ideia de que as mulheres juntas são, sim, mais fortes. É muito importante trabalhar essas noções com as crianças e adolescentes desde muito cedo", afirma.
(Por Marilise Gomes)