Difícil não associar Mel Lisboa a Anita, protagonista da minissérie "Presença de Anita", exibida em 2001 na Globo. Talvez por este motivo, a atriz seja um dos nomes mais cotados pelo autor Manoel Carlos para reviver a personagem que virou ícone de sensualidade e aparente ingenuidade na minissérie "Anita aos 30", prevista para entrar na grade da emissora nos próximos anos.
Em entrevista ao Purepeople, Mel Lisboa, no entanto, garante que não foi convidada para este novo trabalho: "Soube dessa possibilidade pela imprensa, mas não me ligaram, por isso não sei até que ponto isso procede". E apesar de dizer que só poderia pensar no assunto após ler o projeto, assume: "Tenho o maior carinho pela Anita".
E treze anos depois, o fato de ainda ser lembrada pela personagem, faz com que Mel tenha a sensação de dever cumprido: "Não chego a ficar envaidecida por causa do peso que ela me trouxe, mas fico contente de ter feito um trabalho tão marcante. Me sinto recompensada".
Primeiro trabalho de Mel Lisboa na TV, "Presença de Anita" foi tão arrebatador que além dos louros do sucesso, deixou para a atriz um gosto amargo: "Depois da minissérie tive sim um pouco de rancor por não conseguir me enquadrar no que as pessoas projetaram pra mim". E frisa: "Não foi por falta de talento ou vontade, mas as coisas foram para outro lado e eu não pude corresponder às expectativas. Me achava estranha".
Nos anos seguintes que permaneceu na Globo, Mel atuou em algumas novelas, mas sem a mesma projeção daquela primeira vez: "Quando já não estava mais fazendo nada lá recebi um convite da Record e topei", relembra.
Contratada pela emissora e no ar na novela "Pecado Mortal", Mel Lisboa acabou pedindo para sair da trama, ainda em andamento: "Isso não ficou muito claro na época, mas eu tive que fazer uma escolha. Antes da novela eu já estava trabalhando em um projeto no teatro, que acabou saindo nesse meio do caminho. E conciliar gravação no Rio e ensaio em São Paulo seria impossível", pontua.
Essa decisão difícil foi para atuar como protagonista do espetáculo musical "Rita Lee Mora ao Lado". "Assumi todos os riscos de sair da Record. Me arrisquei me expondo absurdamente a críticas que poderiam ser muito duras. Mas eu já tinha feito essa escolha antes e era um desejo meu. Não dava para voltar atrás", acredita.
Rita Lee no teatro
Mel Lisboa conta que logo que recebeu o livro "Rita Lee Mora ao Lado – Uma Biografia Alucinada da Rainha do Rock", do escritor Henrique Bartsch, das mãos de Márcio Macena (autor e diretor do espetáculo), pensou: "Eles são loucos de me convidarem". E explica: Eu não canto, nunca nem me achei parecida com a Rita Lee... Além disso eu já tinha a real noção da grandeza desse trabalho". Apesar disso, se encheu de coragem e topou na hora.
E para conseguir interpretar a roqueira, Mel não só se transformou fisicamente pintando os cabelos de ruivo, como também mergulhou no universo de Rita Lee. "É um personagem muito emblemático e importante para a música brasileira, com milhões de fãs. Foi um processo muito complicado, mas prazeroso", garante.
Para conseguir soltar a voz em cena com mais segurança, a atriz precisou se dedicar: "Eu não tenho talento para ser cantora", assume. E detalha: "Frequento aulas de canto até hoje e aprendi a cantar minimamente para fazer a peça. Faz parte do trabalho do ator aprender várias coisas".
Mas Mel só teve a certeza de que estava mesmo no caminho certo quando a própria Rita Lee conferiu e gostou de sua atuação: "É uma responsabilidade fazer com que aquela pessoa que você está interpretando curta o seu trabalho. Foi importante pra mim ter o aval dela".
Os planos de Mel Lisboa, que continua contratada pela Record, por enquanto só incluem o teatro: "A temporada da peça foi estendida até 31 de agosto em São Paulo e depois vamos viajar por algumas capitais que ainda não foram definidas. E acredito que ano que vem estreamos no Rio de Janeiro. Tomara".
(Por Carmen Moreira)